Familiares que vão visitar os túmulos dos seus entes queridos em um dos cemitérios de Cruzeiro do Sul, reclamam da falta de segurança no local. Os visitantes relatam que precisam deixar celulares, carteiras e outros pertences em casa com medo de serem assaltados.
O local fica bem no Centro da cidade e fica exposto, sem muros ou qualquer tipo de vigilante. O padre Francisco Nepomuceno foi visitar o túmulo da avó e contou que o túmulo da família já foi violado duas vezes e lamenta a falta de respeito.
“Primeiro a gente vê que o cemitério é um lugar que não tem segurança nenhuma. Isso é uma falta de respeito com os já falecidos. Muitas vezes, a gente vem aqui e o mato está quase cobrindo os túmulos. É uma falta de segurança muito grande e a gente vê um pouco de descaso por parte do poder público municipal”, reclamou o padre.
O religioso afirmou ainda que não é somente próximo ao Dia de Finados que a administração deve se preocupar com a limpeza do local.
“Ainda bem que quando chega o Dia de Finados, eles mandam fazer uma limpeza, mas só isso não é o suficiente. O ideal é que tivesse um segurança no cemitério. Várias pessoas já foram assaltadas e até evitam de vir aqui por causa disso, já teve tentativa de morte e por aí vai. Então, quando venho aqui nem trago o telefone com medo de ser assaltado”, disse.
O pedreiro João Leite Neto foi reformar o túmulo dos parentes e também relatou a preocupação com a falta de segurança. “Muito receio, porque muita gente diz para a gente ter cuidado. Documentos, celular, relógio deixei tudo em casa com medo de assalto, porque está perigoso”.
Administração diz que não há registro de assaltos
Os cemitérios da cidade de Cruzeiro do Sul são administrados pela Secretaria de Meio Ambiente junto com a empresa de limpeza. Na área urbana existem dois cemitérios que recebem centenas de pessoas nas semanas que antecedem o Dia de Finados.
No primeiro momento, o gerente de saneamento básico da secretaria, Eutimar de Souza Sombra, afirmou que não é possível contratar vigilante para os cemitérios, até pela dificuldade em encontrar profissionais que queiram trabalhar no local.
“Durante a semana, sempre tem duas pessoas dentro do cemitério que funcionam também como seguranças, porque é inviável a gente contratar vigia, até porque ninguém quer, porque a gente vai contratar pessoas para dar segurança a um cemitério que ele não tem a própria segurança. Ou seja, tem que ver a parte da vida, quem é mais importante ali?”, disse o gerente.
Em seguida, Sombra se contradiz ao falar que não há registro de assaltos dentro dos cemitérios da cidade. Segundo ele, em cada cemitério ficam dois coveiros que também fazem a segurança nos locais.
“Sempre que se contrata segurança é quando é justificado insegurança. Nunca chegou para nós que seria perigoso uma pessoa entrar no cemitério, isso foi relatado só agora. Quando isso se relata, a gente vai buscar a melhor forma possível para que seja resolvido. Como nunca foi relatado, não tem motivo para se contratar segurança. Até porque, o cemitério não é todo murado, qual segurança que a gente vai dar para essa pessoa”, falou.
Não é de hoje que o cemitério da cidade é cenário de insegura e violência. Em setembro deste ano o jovem Claudenilson Santos, de 21 anos, foi achado morto dentro do cemitério do bairro da Baixa, em Cruzeiro do Sul. Em maio do ano passado, membros de facção rival e policiais militares trocaram tiros dentro do cemitério.
Além disso, túmulos já foram violados no local, assim como relatou o padre. Tanto que em 2018, quando uma das sepulturas foi violada, o delegado Vinícius Almeida confirmou que vândalos frequentavam o local. Além disso, há havia denúncia que o cemitério teria virado um ponto de consumo de drogas.