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“O Brasil precisa de santos!”  

“O Brasil precisa de santos; o Brasil precisa de muitos santos!” Foram as palavras em 1991 do saudoso Papa João Paulo II no Brasil, e que ainda ecoam forte em nossos dias, de modo a ensinar que santidade não é algo distante, estranho a nossa realidade.

Quando se fala de santos, a tendência das pessoas é pensar naqueles que estão nos altares representados pelas imagens, ou que se encontram no céu, ou ainda num passado muito distante. De fato, inúmeros santos viveram há séculos ou há quase dois mil anos, porém, muitos outros viveram em nosso tempo. Antes de serem imagens sacras ou de chegarem ao céu, foram pessoas que viveram na terra em meio aos desafios e alegrias da vida cotidiana, como nós. E eu conheci um santo no Acre: Frei Paolino Baldassari, OSM. Que Deus o tenha em um bom lugar!

Meu irmão, desde a Antiga Aliança, Deus chama o povo à santidade: “Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo” (Lv 1, 44-45).

O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua “imagem e semelhança” (Gen 1,26), e Ele é Santo, nós devemos ser santos também. O Senhor não deixa por menos. A medida e a essência dessa santidade é o próprio Deus. São Pedro repete esta ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta, convocando os cristãos a imitarem a santidade de Deus: “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1,15-16).

Por que muitos se cansam na busca da santidade? Porque falta a perseverança na vida espiritual! A santidade é uma longa caminhada da vida toda. São Paulo diz que não importa que meu corpo vá morrendo, mas que o espírito se renove a cada dia (2 Cor 4,16). A falta de perseverança na vida interior acontece por aquilo que a Igreja chama de “tibieza”, isto é, falta de fervor espiritual, amor profundo a Deus, piedade enfraquecida.

Falecida em 1992, já com fama de santidade, a Irmã Dulce, conhecida como o “Anjo bom da Bahia”, chamava-se Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Ao tornar-se religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, passou a ser chamada Irmã Dulce. Quando enferma, teve a graça de ser visitada pelo Papa João Paulo II, em 1991.

Ela nos deixou grandes lições de vida como a humildade, a caridade, o serviço, a solidariedade e a partilha, motivada pela fé em Cristo e animada por uma vida intensa de oração. Consagrou-se a Deus servindo aos que sofrem e testemunhando o valor da vida dos que não têm a própria dignidade e direitos reconhecidos. Depois de ser expulsa de dois locais improvisados, Irmã Dulce finalmente alojou seus doentes no terreno de um galinheiro que ficava ao lado do Convento de Santo Antônio.

Dedicou-se, com admirável caridade, ao serviço dos pobres, dos desamparados e dos doentes, reconhecendo neles o rosto sofredor de Jesus Cristo. Confiando na Divina Providência e contando com a solidariedade das pessoas, fundou diversas obras sociais e estabelecimentos, dentre os quais se destaca o renomado Hospital Santo Antonio, em Salvador, em cuja capela encontra-se sepultada.

Contudo, o problema não é o dinheiro, o problema é nossa falta de fé em Deus. Irmã Dulce também não tinha um tostão, mas nada a fez desistir de cuidar de seus 70 primeiros filhos, recolhidos das ruas de sua cidade.

Nós cristãos vivemos pedindo para receber as graças de Deus. Queremos colher ainda nesta vida as alegrias do Reino dos Céus, mas, ao mesmo tempo, tantas vezes demonstramos desprezo pelas pequeninas sementes de grão de mostarda que o Senhor nos dá.

O grão de mostarda, afinal, pode significar uma vida com menos viagens, uma casa menos confortável e com móveis mais desgastados, uma vida sem colégio de ponta para os filhos, uma vida sem a sonhada e enganosa “segurança” financeira. Como se a vida de um pobre não valesse a pena ser vivida, mas todos somos merecedores de ter uma vida digna como filhos amados por Deus. Por isso, numa sociedade injusta e egoísta, surgem homens e mulheres de Deus, filhos(as) de seu tempo, para olhar e ajudar aqueles que mais precisam, como nosso pai São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, Santa Teresa de Calcutá e tantos outros.

E assim, ao desprezar cada um desses pequeninos grãos de mostarda que o Céu nos envia, perdemos oportunidades valiosas de santificação. E não veremos – como Irmã Dulce viu – as árvores do Céu abrigarem-se à sombra de uma grande árvore frondosa, erguida pelo poder de Deus a partir do nosso “sim” à sua vontade.

Finalizo deixando três frases da Santa Dulce dos pobres, para que possamos refletir sobre nossa missão de padres, religiosas, leigos, professores, empresários, políticos, estudantes, jovens, pai e mãe de família, para assim, termos mais santos em nossas comunidades fé e vida:

 

Frei Paulo Roberto

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