“Vou suspender a convocação de concurso público. Sem a reforma, vai ser difícil até de chamar os aprovados em concursos públicos”. A declaração é do governador Gladson Cameli, em entrevista realizada nesta segunda-feira, 10, sobre a “necessidade” da reforma da Previdência estadual.
Na semana passada, o governo mandou a proposta de reforma da Previdência estadual para a apreciação na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), com urgência. O pedido pegou os servidores públicos de surpresa e gerou impasse entre sindicatos e deputados estaduais. Dois atos foram realizados na Aleac por sindicalistas e servidores.
“O Acre precisa aprovar a Reforma estadual porque a reforma da Previdência nacional não vai abranger estados e municípios neste primeiro momento. Não vamos conseguir finalizar a renegociação junto ao Tesouro e eliminar os juros sem a garantia da Reforma. Não quero bater de frente com o servidor. É uma necessidade”, disse, ao declarar que a reforma na previdência estadual pode abater mais de R$ 10 milhões de multas, juros e outras taxas.
Ainda segundo o governador, caso a reforma não seja aprovada, não haverá realização de concursos públicos, nem a convocação de candidatos já aprovados como, por exemplo, do cadastro reversa da Polícia Militar.
Para sindicatos de categorias profissionais, a declaração de Cameli é considerada como “terrorismo”. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Adailton Cruz, disse que o governo está tentando pressionar os deputados para aprovarem a reforma da Previdência estadual.
“Ele quer impor uma reformar ainda mais danosa que a federal, que vai impactar na vida de mais de 40 mil trabalhadores, sem sequer ouvi-los. Essa manifestação dele é apenas mais uma tentativa de pressionar os deputados a cometerem uma atrocidade contra os trabalhadores”.
O vice-presidente da Central Única de Trabalhadores no Acre (CUT-AC), Edmar Batistela, declara que a categoria está aberta para o diálogo, mas que não deve aceitar a retirada de mais direitos dos trabalhadores.
“A gente entende como terrorismo. Não concordamos com isso e entendemos que quando foi feito o processo seletivo para o concurso já se tinha conhecimento da situação financeira do sistema previdenciário do Estado. Não concordamos com esse terrorismo feito pelo governador”.
Sindicalistas e servidores públicos realizam nesta terça-feira, 12, mais um ato contra a reforma da Previdência, na Aleac. A mobilização deve começar a partir das 8h.