O presidente do PSOL em Xapuri, Josemar Conde, de 48 anos, foi morto com um tiro de espingarda na tarde de quarta-feira, 20, na Reserva Extrativista Chico Mendes.
A motivação do crime, segundo a família e a polícia, foi uma disputa de terras entre a vítima e o suspeito do crime, que era vizinho, afilhado e primo da vítima. Além do trabalho no partido, Conde tinha uma oficina de motos na cidade, mas fechou para se dedicar ao corte de seringa na região.
A Secretaria de Segurança informou que o autor já foi identificado e que as polícias Civil e Militar estão fazendo buscas por ele. O homem está foragido na área de mata onde o crime ocorreu. A Polícia Civil descartou crime político.
Disputa por terra começou em 2016
A mulher de Conde, Elisângela Medeiros, de 35 anos, contou que os dois compraram uma área de terra dentro da Reserva em 2013, mas a disputa pela área só começou em 2016, quando o suspeito do crime começou a dizer que a medição estava errada.
Com isso, um processo correu na Justiça e o presidente do PSOL foi condenado a pagar R$ 3 mil ao vizinho, antigo dono das terras, e devolver uma parte do local ao suspeito.
“No final do processo, o juiz decidiu que meu marido devolveria uma parte da terra e ainda R$ 3 mil. Quando foi na segunda [18], o Francisco, que matou meu marido, chamou ele para ir medir a terra, porque o pessoal que faria essa medição não tinha ido. Meu marido, achando que estava tudo bem, como tinha sido tudo acordado na Justiça, disse que iria”, contou.
Segundo ela, Conde, então, chamou o caseiro e foi até a casa do vizinho para fazer a medição, porém, no local, uma nova discussão começou porque os dois não entravam em consenso sobre o pedaço da terra que deveria ser devolvido.
“Na discussão, o Francisco entrou em casa e meu marido ficou do lado de fora com o caseiro que foi com ele. O caseiro chamou ele para ir embora, foi quando ele [ o suspeito] abaixou e, por uma brecha, atirou no meio do peito do meu marido com uma espingarda. Ele caiu de joelhos e avisou ao caseiro que estava morrendo”, conta emocionada
Brigas e ameaças
Elisângela disse que ao longo destes 3 anos a disputa pela terra foi marcada por brigas e ameaças. Inclusive, Conde já teria registrado um boletim de ocorrência contra o suspeito.
Como o local é de difícil acesso, o crime ocorreu às 15h de quarta, mas o corpo só pode ser resgatado nesta quinta-feira, 21, com a ajuda do helicóptero do governo.
O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) em Rio Branco, onde vai passar por autópsia e voltar para Xapuri, onde vai ser velado e enterrado.
‘Violência desnecessária’
O presidente do PSOL estadual, Jamyr Rosas, disse que o partido tem acompanhado todos os trâmites. Ele lembrou que a vítima havia desistido de ficar na cidade para fugir da violência. Trabalhava como mecânico e resolveu se dedicar ao extrativismo.
“Ele não tinha briga com ninguém e o cara, de forma covarde, sorrateira, se afastou e atirou de dentro de casa, escondido. Uma violência desnecessária”, destacou. Rosas disse que o partido nacional pediu que todo o caso fosse acompanhado de perto.
O filho da vítima, Jerry de Lima Conde, disse que ficou em choque com a notícia e que agora espera justiça.
“Eu fiquei pasmo, em choque. Fiquei em pânico total. Meu pai era um cara alegre, humilde, todo mundo gostava dele. Um cara nota mil, não tinha queixa com ninguém. Não tem explicação. A gente espera justiça e vai acontecer. Deus proverá”.