Luísa Karlberg [email protected]
A educação familiar é tema recorrente na atualidade e bem debatido, a cada momento, nas escolas e meio social. É assunto que merece ser bem apreciado por especialistas, educadores, governo. Acredito que o país deveria ter um Ministério da Família, porque ela é um ponto fundamental na sociedade. Educar pessoas para viver no mundo não é tarefa única das escolas. As escolas devem ensinar. A família deverá educar. Todavia, a família não é a única responsável quanto à tarefa de educar, considerando que nenhum meio educativo é suficientemente eficaz a ponto de garantir que todas as pessoas submetidas a ele agirão, quando adultas, de modo digno, educado, correto.
Tomando por base a etimologia da palavra “educar, que significa a ação de formar, instruir, guiar, pode-se interpretar que a educação conduz ser humano a determinado caminho, rumo ao conhecimento. Conhecimento esse diverso que não se absorva de imediato, mas com disciplina, em busca de algo que se almeja alcançar. A vida é também uma escola, a gente aprende com ela, pelo amor ou pela dor.
Na vida a educação está presente em todo lugar e deverá transmitir a cultura de uma determinada sociedade, de variadas formas: educação escolar, alimentar, física, cultural entre outras e, em especial, a educação familiar, tema deste texto. Isso me induz a pensar que na minha geração, era assim: os filhos obedeciam aos pais, obedeciam em silêncio, e não havia jovens deprimidos, estressados, drogados, revoltados, traumatizados, rebeldes. Hoje, temos uma geração de pais chamada “geração asa-e-pescoço de frango”. Isso porque esses pais não querem que os filhos comam asa e pescoço de frango, lhes dão os melhores pedaços, enquanto os pais continuam a comer asa e pescoço (Isso é uma metáfora). Desejo com isso dizer que os filhos saboreiam o melhor e nem sempre se tornam boas pessoas. Mesmo assim os pais continuam a se esforçar porque não querem que os filhos tenham as dificuldades que eles tiveram no passado, por isso lhes oferece o melhor que podem. Em resposta, os filhos são dependentes, deprimidos, estressados, revoltados, rebeldes, traumatizados e até, por vezes, drogados. Assim, penso que a conduta dos pais deveria muda porque amar não é deixar fazer tudo, é preparar para a vida. O mundo não é uma casinha de bonecas, um conto de fadas. Nele há um pouco de tudo, desde anjos, heróis, magos, bruxas e demônios.
Essa geração de pais do século XXI não sabe educar os filhos, vai levando a vida, deixando a tarefa de educar sob a responsabilidade da escola. Esquece que a escola não é o único lugar onde há educação e sim um dos lugares, porque o lugar primeiro é a família. Isso porque a educação está que está em todos os lugares: na família, na escola e na sociedade. Todos devem ter por objetivo: ensinar, orientar, desenvolver autonomia, raciocinar, tornar o indivíduo conhecedor de sua cultura sua identidade, respeitando os valores existentes para o bom convívio social. A chegada do século XXI era o almejo da humanidade. Não sabíamos que chegaríamos a ele, mas ele chegou a nós. As crianças que viveram as décadas anteriores são as pessoas do nosso presente, e questionamos suas posições entre a educação, saúde, a fé, a solidariedade e a família, sendo o papel desta última o grande questionamento na sociedade atual. Infelizmente chegamos a um momento em que deixamos a educação ser formada por passeios em shoppings, no Google, Facebook e outros sites que substituem os pais, sites estes que têm sido o livro de ética entre as crianças e os adolescentes do mundo atual. Surge então a pergunta: “o que os pais têm a dizer”? Pecam quando permitem que os meios de comunicação dialoguem mais com os filhos do que os próprios? Cada família deverá ter essa resposta.
É urgente a família compreender que ela é o primeiro contato afetivo e social da criança, que é a partir dos seus ensinamentos em que os filhos se espelham e irão construir sua autonomia. Por isso é importante ensinar valores para que a criança possa diferenciar entre o certo e o errado. Logo, a educação dos filhos é de responsabilidade dos pais. A escola deverá ser um elo entre família e sociedade. Longe de se tratar de um simples problema, passível de solução natural, a educação dos filhos é um desafio cujas bases são culturais. Os pais precisam admitir que também são humanos e seus recursos emocionais são limitados. Dificuldades e crises familiares são inevitáveis. Por isso insisto no Ministério da Família!
Assim, compreende-se que a tarefa de educar não é exclusiva da família, mas de todos os partícipes da vida em sociedade. Contudo, é responsabilidade da família ensinar valores morais aos filhos, dando exemplos para eles se espelharem. Portanto, é importante proporcionar um lar harmonioso, regado de carinho, respeito, amor, religiosidade e união, porque tudo isso contribui na construção da autonomia e educação dos filhos. É a partir da autonomia, provida de valores morais, que a criança compreenderá, mais facilmente, a respeitar as limitações impostas na família e na sociedade. E, dessa forma, se tornará um ser capaz de vencer os obstáculos que possam surgir em sua vida, sem tantos transtornos. Porém, não se pode exigir que a família faça esse trabalho sozinha, considerando que a tarefa educativa não é somente dela, mas também da escola e da sociedade. Esse trabalhado, em equipe, poderá render muito mais, pois o artilheiro do time não faz gol sozinho senão com a ajuda de seus companheiros.
Antigamente costumava-se atribuir á criança toda culpa por seu fracasso escolar. Hoje, porém, já se reconhece que as dificuldades em aprendizagem não se dão no vazio, e sim em contextos, tanto situacionais, quanto interpessoais. Não podemos falar de dificuldades tendo somente a criança como ponto de referência: o “contexto” em que a criança se encontra precisa ser considerado. A família e a escola são parceiros fundamentais no desenvolvimento de ações que favoreceram o sucesso escolar e social das crianças, formando uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. A educação perpassa tanto o ambiente escolar quanto o familiar. A interação entre ambos é muito importante para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
DICAS DE GRAMÁTICA
Após o Acordo Ortográfico de 1990 não se usa mais o hífen em palavras cujo prefixo termina em vogal e a palavra seguinte inicia-se com as consoantes R ou S. O hífen desaparece e essas duas consoantes devem ser dobrados. Veja abaixo alguns casos antes e depois do acordo.
ANTES DEPOIS (Agora)
- Anti-social – Antissocial
- Anti-ruído – Antirruído
- Anti-reflexo – Antirreflexo
- Mini-saia – Minissaia
- Ultra-sonografia – Ultrassonografia
- Contra-regra – Contrarregra
- Ultra-secreto – Ultrassecreto
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Luísa Galvão Lessa Karlberg – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia: Membro da Academia Acreana de Letras.