ROBERTA D’ALBUQUERQUE
De todos os memes de natal e réveillon que vi, o melhor foi o de uma camiseta que respondia à pergunta insistente da Simone – então é natal e o que você fez? – com um maravilhoso ‘fiz o que deu’. Sem nenhum ‘próspero’, sem nenhum ‘para você e para os seus’, sem nenhum ‘repleto’. Essas expressões que só são usadas nos cartões de dezembro. Ou pior, nas mensagens de whatsapp encaminhadas à exaustão.
Há uns cinco anos, mais ou menos, tento fazer mais do que deu e repito as mesmas promessas de virada. Cinco anos. Ainda me restava coerência e isso é boa notícia, eu sei. Mas gostei do fato delas já não me fazerem sentido no último dia 31.
Eu prometia cuidar mais do meu corpo. Bem, tentei. E parece que consegui, estou viva. Eu prometia ler mais. Amei as minhas leituras todas, mas ainda há muito o que ser lido, que bom. Eu queria dormir cedo. Posso tentar de novo esse ano, sem problemas, mas nem sei se quero. Leio à noite, vou à academia à noite, vejo meus memes já deitada. E gosto.
É engraçado pensar no quanto acreditamos controlar as nossas vidas, não é? Somo responsáveis por um tanto, claro. Mas há muito a ser vivido no improviso. Há muita surpresa no caminho. Pra quê tanta meta? Passei dezembro inteiro com o nariz tão congestionado, que na meia noite do dia 31, só me veio à cabeça uma única promessa: que eu valorize cada respiraçãozinha nesse ano. Enquanto durmo, faço exercício, leio, me divirto na internet, vivo. É simples, pouco até, mas é lindo, grande, quase mágico que esse micro movimento, possa nos dar fôlego para movimentar tudo. Para fazer o que der e o que parecer impossível. Feliz ano novo queridos, com fartura de ar.