Para tentar reduzir a violência, a Secretaria de Segurança Pública do Acre estuda transferir 15 detentos para presídios de segurança máxima de outros estados. A informação foi confirmada pelo diretor-presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Lucas Gomes, à Rede Amazônica Acre.
Os detentos são considerados de alta periculosidade e exercem lideranças dentro das organizações criminosa instaladas no Acre. Eles estão detidos no Complexo Prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco.
A população acreana passou a sofrer novamente com a onda de violência em 2020. O mês de janeiro foi marcado com duas fugas, sendo uma em massa, com a saída de 26 presos no FOC, e uma série de mortes violentas, inclusive, com uma chacina registrada na zona rural de Rio Branco, assaltos, furtos e diversos outros crimes.
Apenas em janeiro, quase 50 pessoas perderam a vida de forma violenta no estado acreano. A motivação, na maioria dos homicídios, é a guerra de facções por domínio de território.
No último dia 9, o governador do Acre, Gladson Cameli, se reuniu a portas fechadas com a cúpula de Segurança Pública do estado, representantes do Ministério Público (MP-AC), órgãos federais, prefeituras municipais, secretarias, Exército Brasileiro, Ministério da Justiça e Assembleia Legislativa (Aleac) para debater estratégias contra a crescente violência no Acre.
“As famílias estão com medo mesmo, perguntam: ‘governador, o que o senhor está esperando?’ Não posso criar o terror, tenho que ter o bom senso, mas tudo tem limite. As polícias vão ter toda segurança jurídica, foi o que falei para eles. Não podemos ficar calados e de braços cruzados para os problemas que estão aí”, pontuou o gestor no encontro.
Transferência
O Iapen-AC afirmou que a ideia é que esses detentos sejam transferidos ainda no primeiro semestre deste ano. Porém, o planejamento depende da autorização dos juízes das Varas de Execuções Penais dos outros estados.
“Está em fase de estudo. Não envolve somente o sistema penitenciário acreano, mas o sistema federal. Tem que se ter também um aceite de um juiz federal, assim como autorização da Vara de Execução Penais”, relembrou Gomes.
Em 2016, o Acre também usou a tática de transferência de presos para reduzir a violência. A medida foi tomada após uma série de ataques a prédios públicos, casas de servidores públicos, execuções, e uma rebelião no FOC.
Na época, foram enviados 12 presos do Acre para o presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte. No ano seguinte, em 2017, a Segurança Pública transferiu mais 15 líderes de facções criminosas também para Mossoró.
O diretor do Iapen-AC reafirmou que o principal objetivo da transferência desses presos é desarticular as organizações criminosas no Acre.
“Geralmente, são transferidos para esses locais figuras que possuem certa liderança nas organizações criminosas e ordenam o cometimento de crimes nas ruas”, afirmou.
Crise na Segurança
Em coletiva, no último dia 27, o secretário Paulo César confessou que a atual crise na Segurança Pública se deu após alguns fatos registrados no mês de janeiro, entre eles: mortes violentas no estado, chacina na Transacreana, acidente com o helicóptero do Ciopaer e fugas no FOC.
“Tivemos algumas estratégias estabelecidas em novembro e dezembro do ano passado, que garantiram a redução no número de roubo de veículos. Temos uma série de ações, barreiras em todo o estado, investigações deflagradas para todos esses episódios e equipes de capturas das polícias em operação diariamente para prender os foragidos do FOC e quem comete crimes”, finalizou. (G1/Acre)