O diretor do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), Lucas Gomes, deixará o cargo nos próximos dias. O policial penal já foi comunicado pelo Governo do Estado, mas sua exoneração deve ser oficializada quando o governador Gladson Cameli voltar de viagem, na sexta-feira, 7. A informação foi confirmada pela porta-voz do governo, Mirla Miranda.
A gestão de Gomes tem sido uma verdadeira ‘guerra’ com o Poder Judiciário, sobretudo com a juíza de Execuções Penais, Luana Campos. Na semana passada, seu nome chegou a ser representado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por desobediência às Leis de Execuções Penais.
Entre os casos mais recentes está a doação de quatro televisores ao Educandário Santa Margarida. Lucas Gomes afirma que até o momento nenhum familiar dos detentos procurou a direção para reclamar sobre a propriedade dos aparelhos. Porém, a juíza disse que o gestor se apropriou dos televisores de forma ilegal, e não abriu processo para a doação das TVs.
O policial penal também enfrenta oposições políticas com quatro grupos que subdividem o comando do sindicato e da associação da categoria. Segundo informações apuradas pela reportagem, um grupo estaria trabalhando para tirá-lo do cargo.
A situação do diretor piorou após a fuga de 26 presos, que pularam o muro do presídio Francisco d’Oliveira Conde, no dia 20 de janeiro. Os detentos usaram uma corda artesanal, também conhecida como “Maria Tereza”. Há investigações em andamento apurando se houve facilitação por parte da equipe de plantão.
Após anunciar sua saída, o gestor fez um desabafo em sua rede social e criticou as “leis frouxas” que penalizam os criminosos. Ele exemplifica a situação: “Se, de um lado, a polícia não pode mostrar a cara do criminoso preso, a facção espanca a ladra que roubou na Cidade do Povo”.
Para ele, a falta de ação do Estado resulta na ideia de que “é o crime e não o Estado que detém o monopólio da força”. E destaca: “A partir daí, aquele que se sente injustiçado passa a procurar o traficante local, e não mais a polícia”.
Lucas Gomes conclui o seu desabafo lamentando a atual situação da Segurança Pública no Acre. “É um estado deplorável de coisas que não se pode isentar a Segurança Pública, mas que passa sobretudo pela irresponsabilidade daqueles que fazem leis cada vez mais permissivas e transigentes como o crime. Lamentável”.