Quase dez dias se passaram e a situação de duas famílias de venezuelanos indígenas continua a mesma. Eles continuam morando em um prédio abandonado sem as mínimas condições de sobrevivência.
O grupo foi despejado da casa onde estavam porque falta de dinheiro para pagar o aluguel. Sem ter para onde ir, os imigrantes se organizam como podem. Os colchões ficam amontoados. Eles não têm lugar adequado para a comida e ficam pelo chão, onde as refeições também são feitas.
Uma equipe da Rede Amazônica Acre voltou ao local novamente e mostrou toda situação. Rachaduras, infiltrações e falta de segurança. É assim o local onde vivem as famílias.
Há dez dias venezuelanos vivem em prédio em ruínas em Rio Branco
A Prefeitura de Rio Branco relembrou que os trabalhos só retornam nesta quinta-feira, 27, após o feriado de carnaval, mas que a responsabilidade pelos refugiados é do Estado. A reportagem não conseguiu contato com o governo.
“Temos medo, porque este é um prédio abandonado como estou falando. Queremos uma ajuda grande porque somos pessoas humanas que queremos viver, queremos viver melhor”, disse o refugiado Jesus Zapata.
No Acre, os venezuelanos buscam refúgio da crise que atingiu o país nos últimos anos. Com a entrada, é comum encontrá-los nos semáforos pedindo ajuda financeira para bancar as despesas pessoais.
Busca por ajuda – Zapata diz que representantes dos Ministérios Públicos do estado e da União já foram na casa para ver a situação. Eles foram informados de que não podem ficar no local devido aos riscos de desabamento.
O venezuelano acrescentou que o governo disse que vai procurar uma nova casa para que as famílias fiquem em segurança, mas não deu nenhum prazo para isso.
“Eles falaram que vão conseguir para nós uma moradia grande para que todos os indígenas venezuelanos possam morar juntos. Por que aqui estamos morando no prédio abandonado. Não queremos morar aqui”, diz.
O estado e a prefeitura de Rio Branco já receberam uma recomendação do MP-AC para construir um abrigo para os indígenas instalados no estado. O documento foi expedido pelos Ministérios Público estadual e federal, além das Defensorias Pública do Acre e federal. O prazo era de 15 dias.
No final de janeiro o governo acreano recebeu uma representante da União para debater as formas de ajuda e atendimentos aos refugiados.
O encontro ocorreu em Rio Branco com representantes do Ministério Público (MP-AC), Defensoria Pública, Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM) e outras instituições de Direitos Humanos do estado.
A Defensoria Pública da União (DPU) informou que, mesmo após a recomendação, nada foi feito. O órgão disse ainda que pediu à prefeitura da capital acreana que criasse um cronograma com as medidas a serem tomadas, mas não recebeu nenhuma resposta oficial. O mesmo ocorreu com o governo do estado.
Com isso, a DPU pensa em mover uma ação judicial para que os direitos dos imigrantes sejam respeitados. Mesmo com a promessa de ajuda as famílias continuam na mesma situação e sonham com uma vida melhor.
“Porque queremos uma melhoria para nós. Queremos melhorias porque somos pessoas humanas como estou falando. Queremos uma vida melhor, condições de vida melhor do que estamos vivendo aqui, concluiu o imigrante. (G1 Acre)