O tema família sempre esteve no centro de minha vida como o elo mais importante da sociedade. Tenho a família como a primeira escola das virtudes sociais fundamental na vida humana. A família é a mais importante expressão da natureza, pois é o lugar e o instrumento mais eficaz de humanização e de personificação da sociedade.
Frente a essa realidade, a família traz em si inúmeros valores essenciais que por nada pode ser ofuscado, tolhido ou menosprezado. A família não é somente lugar de crescimento pessoal, dos afetos, da transmissão da cultura entre as gerações, mas sim uma comunidade de amor, o lugar do direito e do princípio do cuidado, da solidariedade, partilha, amizade, companheirismo, respeito e unidade.
Segundo Tolstoi, “a verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” É fundamental o resgate do respeito, do afeto, do carinho, sobretudo do amor verdadeiro nas famílias. Uma sociedade melhor começa em casa.
Diante desse valor imensurável da instituição família, compete aos líderes, pai e mãe, a responsabilidade de administrar essa instituição pilar da vida social. Mas essa tarefa não está sendo, atualmente, nada fácil. Há sucessos e fracassos, isso por que o mundo se apresenta muito perigoso e desafiador. Vivem-se novos tempos, mas os valores familiares permanecem imprescindíveis para o equilíbrio social.
Observa-se, por exemplo, haver pessoas exímias como gerentes, gestores de empresas, negociantes etc. Mas não possuem a mesma habilidade para dirigir a própria casa, educar os filhos, manter os laços e os valores de família. Essa inabilidade tem marcado a vida contemporânea com a desagregação familiar, as separações, a falta de amor, atenção, ensinamentos de princípios de vida em sociedade. Daí surge um mundo jovem e delinquente, o que acarreta enormes prejuízos para a vida das pessoas, grande insegurança, muito medo.
Percebe-se que cada vez mais o ser humano se distancia do afeto, não sabendo como lidar com esse sentimento. E o afeto é a principal metodologia de administração da principal instituição da vida humana. A FAMÍLIA. Não é como administrar um negócio, necessita de um profundo equilíbrio entre o coração e a razão.
A família, constituída por várias pessoas, uns fazem parte da vida dos outros. E, embora sejam seres diferentes, convivem intimamente, por isso, por vezes, não se compreendem, não se conhecem e não conseguem lidar com os conflitos do cotidiano. Mesmo sendo famílias bem pequenas, composta por três pessoas, em alguns casos pai, mãe e um filho, não conseguem viver em harmonia. Não têm tempo para o diálogo, a prática do amor, os ensinamentos basilares. Aí a turbulência toma conta das relações.
Compreendo ser por conta da má administração do tempo dedicado à família que a sociedade atual está em crise de paciência – ciência da paz – sentimento esse que é a base da compreensão entre sujeitos humanos. As pessoas se deixam manipular pela pressa, mergulham nas frustrações da velocidade do mundo pós-moderno e escutam cada vez menos uns aos outros.
Digo, ainda, que o sentimento do egoísmo está em alta. A vida se tornou assim: “as minhas coisas…, o que eu tenho… os meus problemas…, o que eu faço”. O “eu” em primeiro lugar impede o compartilhamento de vivências, de histórias, de saberes, de doação, ternura, amor. Impede o olhar para o outro exercitando com sensibilidade a compreensão do seu momento e de suas necessidades.
Nesse cenário, ensinar os filhos a serem vencedores, a superar desafios com coragem e garra, tornou-se uma tarefa incompatível com a estrutura familiar desenhada nesse mundo pós-moderno. Os filhos não sabem competir, enfrentar desafios, pois acreditam que o mundo tecnológico facilita tudo com a mesma velocidade das máquinas. Não compreendem, por exemplo, que dinheiro é fruto de trabalho árduo, não nasce quando se adquire um cartão Visa, Mastercard, Ourocard, American Express.
É preciso haver uma reflexão social intensa sobre esse valor da família, por ser a comunidade natural que contribui de modo único e insubstituível para o bem da sociedade. Assim, a influência exercida pela família determina o estilo de uma sociedade. Infelizmente, o que se observa, são visões distorcidas, e a consequência disso é uma geração que não conhece o amor, o respeito, que não acredita nas pessoas, uma sociedade desonesta, egoísta, individualista, que passa em cima de tudo e de todos para alcançar objetivos, obter vantagens a qualquer preço, mesmo que tenha que matar, roubar, mentir, extorquir.
Conclui-se a reflexão com uma citação de Aristóteles: “A sociedade política só existe a partir da família e sempre na família” (A política). Portanto é necessário reafirmar que sociedade e família estão intrinsecamente interligadas, ou seja, alterando a sociedade, altera-se a família e destruindo a família, destrói-se a sociedade.
DICAS DE GRAMÁTICA
Há certos substantivos que só se usam na forma plural, professora?
– Sim. Vejam-se alguns deles: suspensórios, bodas, anais, férias escolares, olheiras, damas (o jogo), condolências, pêsames, núpcias, algemas e trevas.
QUALQUER TEM PLURAL ?
– Sim. O plural de qualquer é quaisquer. Exemplos: Fazemos quaisquer serviços; estamos atentos a quaisquer sinais de melhora; quaisquer que sejam as notícias, vamos saber como agir.
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(*) Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Membro da Academia Brasileira de Filologia. Membro da Academia Acreana de Letras.