A adolescente Larissa Aurélia da Costa Silva, de 17 anos, foi brutalmente assassinada a golpes de faca no pescoço e depois foi decapitada. O crime ocorreu na madrugada do dia 21 de fevereiro, em Rio Branco, no Acre.
Larissa foi morta pelo ex-companheiro, o ex-agente penitenciário Ivanhoé Oliveira, de 37 anos. O casal morava junto há cerca de dois anos e teriam brigado no dia do crime. Depois de assassinar a companheira a facadas, Ivanhoé a degolou e deixou a cabeça de Larissa na frente da casa da mãe da vítima.
O assassino foi preso em flagrante no mesmo dia. A prisão foi mantida após audiência de custódia. As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Civil do Acre.
Em entrevista exclusiva à reportagem, a mãe da vítima, Maria Francisca, falou sobre o crime. Ela e os outros três filhos foram embora do estado depois da morte de sua primogênita.
Francisca recorda que as duas passaram o dia juntas horas antes do crime. A mãe acredita que o ex-agente penitenciário assassinou Larissa por que ela não queria mais ficar com ele. “Ela nunca falava nada para mim, e não tinha medo dele. Mas provavelmente foi por que ela não queria mais ele”.
A família da vítima não recebeu nenhum auxílio imediato do Governo do Estado ou da Prefeitura de Rio Branco, de acordo com Francisca. “Depois de uma semana mais ou menos eles foram atrás de mim. O Ministério Público foi na minha casa”, explica.
Inconformada e revoltada com a morte prematura de sua filha, Francisca fez um desabafo: “A polícia foi eficaz na prisão, mas se ele tivesse morto, eu estaria me sentindo tranquila”.
Acre lidera ranking de feminicídios
Larissa é mais um caso de feminicídio no estado acreano. Apesar de ser um estado pequeno, o Acre tem a maior taxa de homicídios contra mulheres e de feminicídios no país, conforme dados do Monitor da Violência. Os números consideram os crimes registrados em 2018 e 2019.
A taxa de homicídios dolosos de mulheres do Acre é a maior do país, com sete mortes a cada 100 mil mulheres. Já a de feminicídios é de 2,5 para cada 100 mil mulheres. Ano passado, 31 homicídios dolosos contra mulheres foram registrados no estado, sendo que 11 foram feminicídos, ou seja, quando o crime de ódio é motivado pela condição de gênero. Em 2018, o número de homicídios foi 35, sendo 14 de feminicídios. Neste mesmo ano, o Acre já tinha a maior taxa de feminicídio do país, que era de 3,2 casos por 100 mil mulheres.
Segundo o Departamento de Políticas para Mulheres de Rio Branco, três feminicídios foram registrados na capital acreana este ano. Porém, a responsável pelo departamento, Lidiane Cabral, explica que o número pode ser maior ou menor.
“Existe uma linha tênue por que não se sabe ao certo se os casos de violência aumentaram ou se as mulheres estão buscando mais os serviços de denúncias. Hoje, existem as redes sociais em que as mulheres podem acessar diversos serviços”.
Cabral destaca que apesar dos números, o Acre é um dos poucos estados que ainda conta com uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), secretarias e departamentos que desenvolvem políticas públicas de proteção à mulher.
Movimento 8M toma as ruas de Rio Branco
O Movimento 8 de Março (8M) tomou as ruas de Rio Branco na última sexta-feira, 6. Centenas de mulheres protestaram contra todas as formas de violência contra as mulheres. O ato ocorre em diversas cidades do país e reúne mulheres de vários movimentos sociais e partidos políticos.
Uma das faixas feitas pelas manifestantes que dizia “Parem de nos matar” foi pendurada em uma das principais esquinas de Rio Branco. Ao redor, tinta vermelha espalhada pelas ruas representava o sangue de todas as mulheres assassinadas no estado.
“Foi um ato para protestar. É absurdo que um estado como o Acre, tão pequeno, seja o estado mais perigoso para uma mulher viver. É inadmissível que a gente viva em um estado tão pequeno, com um número de violência tão alto e tão bárbaro”, disse a ativista e uma das organizadoras do evento, Maria Meirelles.