O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertou ao governador Gladson Cameli para que não atendesse ao incentivo do presidente da República, Jair Bolsonaro, anulando o decreto de isolamento social no Estado. Mandetta foi bem direto: se fosse em frente e acabasse com o decreto, o governo deveria entrar em contato com as funerárias locais e pedir para se preparassem para o pior.
A alusão feita pelo ministro é com base na conjuntura crítica que a pandemia da Covid-19 em países da Europa, em especial na Itália. Lá, centenas de pessoas morrem diariamente, e não tem nem caixões, nem vagas em cemitérios para enterrar tantos corpos.
O próprio governador foi quem revelou a conversa que teve com Mandetta. Em sua agenda por Cruzeiro do Sul, Gladson discursou que muitos politizam o assunto do coronavírus e incentivam as pessoas a irem para as ruas. “Inclusive, o nosso presidente [incentiva quebrar o isolamento]. Na sexta-feira, eu peguei o telefone e pedi uma audiência com ele. Eu ia sair de Rio Branco, chegar e dizer: ‘Então, presidente, eu vou seguir a sua orientação. Se é para abrir, então vamos abrir, mas está aqui: eu não tenho condições de arcar com as consequências’”, disse Gladson.
“Aí eu liguei para o ministro da Saúde. Ele disse: ‘não faça isso’. Eu ia, pois estou seguindo uma lógica. E eu quero compartilhar com vocês: se fizeram uma opção pela parte econômica, eu fiz opção por salvar vidas. Se eu estou certo ou estou errado, o tempo vai dizer. O que eu não quero é a consciência de que eu não fiz o meu papel, o meu dever”, completou.
Sobre o recado do ministro, Cameli disse que não tinha opção a não ser seguir, pois não quer ser um “irresponsável” em arriscar vidas.