A pesquisa realizada em parceria com a empresa inloco e a nossa equipe analisou o banco de dados fornecidos a partir da Geolocalização dos moradores do Estado do Acre e se chegou a seguinte conclusão: o isolamento social decretado pelo Governo do Estado não está possuindo eficácia para conter a Covid-19, o que pode fazer aumentar o número de contaminação e o número de mortos nas próximas semanas.
O estudo foi realizado dentro do lapso temporal de primeiro de fevereiro até o dia 13 de abril do corrente ano. E constatou que entre fevereiro e até o fim da primeira quinzena de março o índice de isolamento social do acreano ficava entre 20% e 35%, sendo que a variação mais elevada ocorreu nos domingos (um dia marcadamente de pouca movimentação de pessoas) e, consequentemente, entre os dias de segunda e sexta-feira, constatou-se os menores índices de isolamento social, ou seja, mais gente se movimentando.
A partir da segunda quinzena de março, em especial, após o dia 17 (data do anúncio oficial dos primeiros infectados) houve uma crescente no índice de insolamento social, saindo dos 40% e chegando aos 69%, aproximadamente, no dia 22 de março (domingo). Em seguida, até o dia 12 de abril, o índice de isolamento social no Acre oscilou entre 40% e 60%, sendo que os maiores índices ocorrem aos domingos e durante a semana tínhamos as menores percentuais.
Já no dia 13 de abril temos um índice de isolamento de 39,7%, ou seja, o mais baixo depois do dia 17 de março, o que pode sugerir uma hipótese de que as pessoas já estão relaxando o isolamento social.
Diante disso, a hipótese sugestiva que os indicadores apontam é que os acreanos estão levando uma vida quase que “normal”, consequentemente, a atividade econômica continua funcionando em locais não essenciais, embora tenha sido reduzida. E, portanto, o isolamento social com os baixos índices apresentados não será capaz de conter a covid-19.
Concluí-se que: I) dada as características da covid-19, durante os dias de segunda a sábado, mais da metade da população do Acre se encontra em risco eminente de contrair a doença e contaminar involuntariamente as pessoas por covid-19. II) precisa-se, urgentemente, elevar o índice de isolamento social, sob pena de aumentar ainda mais os números de contaminados e mortos no Estado.
* Charles Brasil é advogado e Professor de Teoria Geral do Estado e Ciência Política; Pesquisador das relações étnico-raciais do Neabi/Ufac; e Coordenador do projeto #fakecovid19 (combatendo notícias falsas sobre a covid-19 e promovendo os direitos humanos).