A linha evolutiva do coronavírus (Covid-19) afetou a saúde pública e a economia de diversos países pelo mundo e também no Brasil. O combate ao vírus é o principal fator para as ações dos principais governantes mundiais, que optaram, em sua maioria, pelo isolamento social e o fechamento de empresas e do comércio em geral. A quarentena, no entanto, está provocando um efeito preocupante para as finanças das famílias brasileiras. Notícias recentes indicam que empresas já começaram a realizar demissões; outras optarão pela redução de salários ou a suspensão temporária do contrato de trabalho com seus empregados. Autônomos receberão um auxílio emergencial do Governos Federal. Esse cenário preocupante provocado pela pandemia também será um divisor de águas no planejamento financeiro no país.
O quadro econômico que indica uma recessão nos próximos meses já indica que os chefes de família e empresários precisarão se adaptar aos novos tempos financeiros. Uma parte significativa já está sofrendo os impactos e percebeu a renda diminuir, os investimentos caírem e os projetos futuros abalados.
Importante frisar algumas orientações e dicas de como enfrentar essa crise e como preparar o seu planejamento para tempos mais obscuros com relação a economia:
Encarar a realidade – O primeiro passo é o de sentar e refletir sobre o momento atual e encarar as questões financeiras ao lado da família , explicando os reflexos no bolso e no futuro econômico da casa. Depois de se esclarecer a situação atual, é fundamental tomar decisões com o objetivo de sanar os efeitos da crise e projetar um futuro mais seguro.
Despesas e Receitas no papel – É essencial, por mais que o momento seja delicado, realizar um detalhado Fluxo de Caixa. O isolamento favorece para a pessoa sentar e colocar todas as despesas mensais e anuais no papel. E, se possível, depois passar para um planilha.
Categoria de gastos – E com a riqueza desses dados em mãos é possível fazer uma revisão no orçamento. Nessa revisão, a pessoa pode dividir seus gastos em três categorias: luxo, conforto e sobrevivência. As despesas de luxo são aquelas meramente supérfluas e que podem ser retiradas de imediato e ou adiada, principalmente em tempo de crise, por exemplo, uma garrafa de vinho cara, uma viagem para um spa ou resort, acessórios e roupas de marca. Já os gastos de conforto são aqueles que também podem ser eliminados conforme a necessidade do momento, como pacotes completos de TV a cabo, aplicativos de música e games, entre outros. E os gastos de sobrevivência são aqueles essenciais para o cotidiano, os gastos básicos como comida, água, luz, telefone.
Orçamento – Feita essa separação é a hora de fazer o orçamento para cada linha de gastos que tiver e nesse momento ser o mais realista possível, e a pergunta que se faz é: estou precisando disso para agora, se sim, quantos? posso pensar em mudar a marca que estou habituado, por outra mais em conta, se for o caso! Avalie se pode ser retirado da despesas neste momento e gastar apenas com o essencial. Ou seja, criar uma dinâmica para a casa, sem despesas exageradas.
Cuidado com os cortes em produtos de gestão de riscos, como seguro do automóvel, residência e no seguro em vida, esses produtos lhe asseguram de se ter uma reserva de contingência, antes mesmo que você tenha que utilizar de suas reservas financeiras emergenciais.
Oportunidades – E como diz o velho ditado: “nas crises é que aparecem boas oportunidades”, os brasileiros estão tendo a oportunidade de repensar no seu planejamento financeiro, pois alguns bancos estão oferecendo a suspensão temporária de pagamentos de financiamentos de habitação e automóveis, além de juros mais baixos em alguns linhas de crédito, como o empréstimo consignado. O ideal é reunir todas as informações, estudar as possibilidades, mas ficar atentos as condições gerais dessa novidades trazidas pela instituições financeiras, avaliando possíveis taxas e juros, por exemplo. A isenção temporária do pagamento de parcelas do financiamento do imóvel, deve ser aproveitada com cuidado, pois essas possíveis sobras no orçamento devem ser poupadas para suprir necessidades que possam surgir, então as famílias devem optar em poupar esse dinheiro e não gastar com outras despesas desnecessárias. Até porque, as empresas que não demitirem, poderão realizar cortes de jornadas e salários em um futuro breve.
Racionalidade – É necessário que cada pessoa reflita se a sua tomada de decisão está sendo feita de modo emocional ou racional. A ansiedade é a reação natural do corpo ao stress. É um estado emocional caracterizado por sentimentos de tensão, preocupação e pensamentos ruins, tudo o que estamos passando neste momento, e um dos sintomas da ansiedade é a impulsividade. Então a importância para que vigiemos nossos comportamentos, para que não sejamos impulsivos e comprar coisas desnecessárias neste momento. Uma dica importante antes de tomar qualquer atitude é respirar fundo durante 20 minutos, pois ajuda o cérebro animal (Límbico e Reptiliano) voltar a ter contato com o cérebro racional (neocórtex), quando o assunto é dinheiro. Procure ajuda de especialistas para orientar melhor essa decisão, tem vários programas gratuitos, vinculando neste momento, tanto financeiro, quanto psicológico.
O momento é de mudar as rotas e refletir sobre o seu planejamento financeiro, pois uma coisa é certa, o governo tem trabalhado para ajudar neste momentos, mas nós temos a parte que nos cabe e que é de total responsabilidade.
*Sheila David Oliveira é planejadora financeira, membro TOP OF The TABLE – da maior Associação de Planejadores Financeiro do Mundo – MDRT (Million Dollar Round Table), sócia e diretora da GFAI- Empresa de Planejamento Financeiro.