Um abaixo-assinado circula em redes sociais cobrando um edital de emergência para amparar os trabalhadores da Cultura acreana, nesta pandemia do novo coronavírus. O texto ressalta que os produtores culturais precisam de um subsídio financeiro, pois estão com sua renda “comprometida e em situações de extrema vulnerabilidade social”.
Segundo Lenine Alencar, presidente da Federação de Teatro do Acre (Fetac), cerca de um terço das pessoas que trabalham com Cultura no Estado, técnicos, atores, diretores, coordenadores, escritores, têm outras fontes de renda. Mas a grande maioria sobrevive da renda cultural. O fato é que essas atividades demandam uma concentração de pessoas, por isso, estão paradas. A consequência disso é que estes trabalhadores estão sem renda e sem perspectivas.
“A atividade artística está ligada à vida, acima de tudo. Defendemos que as pessoas fiquem em casa. Não deve haver contato. A questão é que o governo adotou contramedidas neste período para aliviar problemáticas na economia, no comércio, na Saúde, na Assistência Social, mas não fez nada ainda para a Cultura. Nem dá sinais. O que estamos pedindo é uma posição do Estado, que, por enquanto, tem sido omisso em todos os aspectos na Cultura”.
Em menos de 2 dias, o abaixo assinado colheu cerca de 50 assinaturas apenas entre pessoas envolvidas no ramo do Teatro. Outros segmentos da sociedade, como jornalistas culturais, capoeiristas, apreciadores da cultura local, brincantes, estão com listas por fora. Juntando estas listas, Lenine aponta que já são mais de 300 assinaturas de pessoas querendo apoiar o movimento cultural. O objetivo é chegar a 500 para começar a enviar a autoridades.
O documento público é destinado ao diretor-presidente da Fundação Elias Mansour, entidade do governo responsável pelo incentivo à Cultura no Estado. O cargo é ocupado por Manoel Pedro o “Correinha”. Lenine explica que o objetivo não é politizar o assunto, mas os artistas estão sem seu ganha-pão, e a fome não espera. “O momento é muito grave”, resumiu.
O gestor está sendo notificado do anseio dos artistas culturais. Se permanecer inerte, o pedido será encaminhado ao governador. Lenine diz que teve contato recente com Correinha, e este pediu tempo para que o Estado consiga empreender ações para auxiliar os trabalhadores em cultura que estão em situação financeira mais crítica. Ficou de dar uma resposta, mas não retornou mais, desde então.
O presidente da Fetac completa dizendo que, com este edital de emergência, o que os artistas culturais acreanos estão pedindo não é dinheiro, nem sacolões. “É uma forma de oferecer nossos serviços para animar a sociedade neste momento difícil, se apresentando através de lives. Além disso, assim como ocorre com o edital de incentivo, queremos alocar os recursos para desenvolver atividades posteriores, quando passar essa pandemia”, concluiu Lenine.
Segue o texto do abaixo-assinado na íntegra:
Sr. Diretor Presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour,
Como trabalhador@s da cultura, das mais variadas vertentes, pedimos a máxima urgência na implementação de medidas emergenciais de renda mínima e subsídio os diversos segmentos da cultura acreana, tão importantes para as identidades do nosso estado. São artistas e toda a cadeia produtiva da cultura acreana que se encontram comprometidos e em situações de extrema vulnerabilidade social. Este subsídio financeiro será um aporte para que milhares de pessoas não sofram ainda mais com as consequências da pandemia do novo Coronavírus. Nosso estado decretou estado de calamidade pública em 20 de março do ano corrente, e até então nenhuma medida, nenhuma proposição de edital emergencial para os trabalhadores da cultura foi proposto.
Gostaríamos de saber, como sociedade civil, mediante a este contexto mundial que altera a rotina e a captação autônoma de recursos, como e quando o estado pretende realizar ações emergenciais para os trabalhadores da cultura do estado do Acre.
EDITAL DE EMERGÊNCIA PARA OS TRALHADORES DA CULTURA DO ESTADO DO ACRE JÁ