A coletiva de imprensa realizada pela Prefeitura de Rio Branco e pelo Governo do Estado para anunciar as medidas de combate ao novo coronavírus não contou com a presença de um intérprete de libras, nesta quarta-feira, 1º de abril. O ato foi considerado como negligente pelo diretor regional Norte da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais (FEBRAPILS) e diretor da Associação de Intérprete de Libras do Acre, John Kenede Batista Lima.
“Os últimos pronunciamentos não tiveram intérprete de libras. Isso priva a comunidade surda de ter acesso às informações importantes sobre o Covid-19, sobre formas de prevenção, sobre o que está acontecendo no Estado, sobre o que tem que ser feito e o que tem sido feito. Todas essas informações que nós, ouvintes, estamos tendo acesso eles não estão tendo. Isso é um descumprimento de uma legislação federal, que é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a Lei 13.146/15”, denuncia John Lima.
O diretor garante que já fez solicitação do intérprete nos pronunciamentos oficiais diversas vezes, mas que, até o momento, nenhuma medida eficaz foi tomada, o que impede a garantia do direito linguístico da pessoa surda.
“Temos sido ignorados. A promessa é de que sempre no próximo evento vai haver a presença do intérprete, só que a próxima chega e nunca há. Um dos vídeos foi corrigido, porque um de nós se voluntariou a ir lá traduzir, pois era um vídeo muito importante. Não é para ser voluntariado. Isso é uma responsabilidade do Poder Público, garantir que essas pessoas tenham o direito básico, o mínimo que é a comunicação. Já estamos fazendo denúncias coletivas no Ministério Público”, declara.
O vereador de Rio Branco, Emerson Jarude, levantou a bandeira ao questionar o Poder Público recentemente. Após a coletiva de imprensa desta quarta-feira, 1º, ele lamentou. “Sem novidade e intérprete de libras mais uma vez”.
Atualmente, mais de 800 pessoas surdas vivem na capital acreana.