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Apib organiza comitê para registrar avanço da Covid-19 sobre indígenas; povos acreanos estão ameaçados

Na semana em que o Brasil registrou mais de 170 mil casos de infecção e 10 mil óbitos em decorrência do novo coronavírus, organizações indígenas articularam um encontro para realizar um diagnóstico das realidades locais e organizar estratégias para minimizar o impacto da pandemia entre os povos originários. Uma das medidas para acompanhamento da disseminação do coronavírus foi a criação do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena.

O Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena é resultado da Assembleia Nacional de Resistência Indígena, realizada nos dias 8 e 9 de maio, que reuniu lideranças e especialistas de diversas áreas para articular estratégias contra os danos da Covid-19 sobre os povos indígenas.

O trecho final da carta apresentada nesta assembleia expõe que povos indígenas do Acre, os apurinãs e o Huni Kuin, seriam alguns dos afetados pela pandemia.

“Não são apenas números, são pessoas, são memórias e histórias dos povos Apurinã, Atikum, Baniwa, Baré, Borari, Fulni-ô, Galiby Kalinã, Guarani, Hixkaryana, Huni Kuin, Jenipapo Kanidé, Kariri Xocó, Kaingang, Karipuna, Kokama, Macuxi, Mura, Munduruku, Pandareo Zoro, Pankararu, Palikur, Pipipã, Sateré Maué, Tariano, Tembé, Tikuna, Tukano, Tupinambá, Tupiniquim, Warao e Yanomami. Todos afetados pela pandemia”, evidencia um trecho da carta final da Assembleia.

O principal impasse entre organizações indígenas e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, é a notificação dos casos de contaminação e óbitos. De acordo com as lideranças, o impacto da Covid-19 nas comunidades é muito maior do que o registrado pela Sesai, isto se deve ao critério de localização do paciente utilizado pelo órgão para confirmar os casos – apenas entram na conta da Secretaria os casos de indígenas aldeados, excluindo os que vivem em contexto urbano.

Os dados oficiais não alcançam a realidade indígena de mais de 34 povos já impactados pela doença, segundo o comitê.

Outro problema: a saída de indígenas das suas comunidades para acessar o direito ao Auxílio Emergencial é uma das situações que tem preocupado as lideranças (Texto da Assessoria da APIB, com alterações DA REDAÇÃO A GAZETA)

 

Compararativo dos dados levantados pelo Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena e os dados registrados pela Sesai:

– registrados pela Sesai: 19

– registrados pelo Comitê: 77

– registrados pela Sesai: 222

– registrados pelo Comitê: 308

* atualizado dia 11/05/2020

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