Uma constatação, com rarísimas exceções, do convívio social dos humanos, em tempo do letal Covid-19, é que o ser humano, continua o mesmo ser humano. Isto é, o ser humano é, em sua natureza caída, radicalmente corrompido, governado pela concupiscência, desejos e/ou apetites da carne, já dizia um velho filósofo.
Thomas Hobbes (1588-1679), empirista inglês, tentou explicar o comportamento dos homens, ao afirmar que os mesmos tendem naturalmente para o prazer, bem como para comportamentos egoístas que visavam sujeitar os outros. Esse tipo de atitude, segundo Hobbes, transformava os homens em “lobos uns dos outros.” Essa atitude, também, era o fator responsável pelas guerras e pelos conflitos, pelas perversões das condutas, situações prejudiciais a todos. Para Hobbes, os homens se encontram por natureza num estado de guerra universal em razão das paixões que os dominam. Assim essa competição não passa pelos animais irracionais, é uma batalha própria de quem pensa, de quem cogita, diria René Descartes.. É um estado de guerra que faz com os homens se movam pelo desejo de adquirir bens, poder e prestígio (Hobbes). É a destruição do homem pelo homem, que no dizer de Nietzsche (Genealogia da Moral), é a maior e mais inquietante de todas as doenças, da qual a humanidade ainda hoje não está curada, o homem, doente de si mesmo.
Quando o assunto é covid-19, nem mesmo a ciência, com seu avanço fenomenal, tem meios para debelar esse vírus letal. Alias, as ciências, sem exceção alguma, nada mais são que medidas paliativas, pois que a economia é um desastre, as doutrinas econômicas derrubaram e continuam a derrubando governos, vivem a inflamar os ânimos dos cidadãos comuns; a ciência política com suas teorias “rachadas” não tem solução “políticas” para o Brasil ou para qualquer outra nação do planeta; a sociologia com todas as suas ramificações sociais falhou, os meios urbanos estão aí para provar o que digo, pois as cidades são um verdadeiro caos; a teologia desmoronou, o que restou dos dogmas, especialmente cristão, são grupelhos religiosos e seus pseudos líderes, vendilhões da fé, que vivem saqueando os poucos recursos de pessoas de “boa fé” com a conivência do Estado, é bom que se diga.
A ciência propriamente dita, é o que parece, está na contramão da vida humana, já que as nações dos quadrantes da terra, são detentoras de aparatos bélicos de alta destruição. Governos investem somas vultosas tendo em vista a exploração espacial. Enquanto isso, milhares de mulheres e homens, estão morrendo como ratos de porão, outros milhares, de fome; outros, de pestes perniciosas e seus vírus implacáveis; outros milhares estão sendo exterminados em razão de guerras imbecís. Há, para completar, a miséria e a fome que em muitos países afetam milhões de pessoas, Aliás, ninguém sabe, realmente, quantas pessoas morrem de fome a cada ano. Muitos países subdesenvolvidos apresentam estatísticas irregulares e muitas vezes não confiáveis, de modo particular quando concernentes a mortes de crianças. Estatísticas não muito recentes estimam que 12 milhões de recém nascidos morrem todos os anos, por causa dos efeitos da subnutrição nos países em desenvolvimento. Li em algum lugar que “A metade das pessoas que vivem em pobreza absoluta estão no sul da Ásia, principalmente na Índia e Bangladesh. Um sexto delas vive no leste e sudeste da Ásia. Outra sexta parte está no sub Saara africano. O resto divide-se entre a América Latina, norte da África e Oriente Médio. Nestas regiões tropicais ou situadas no hemisfério sul, a que comumente damos a denominação de Terceiro Mundo, calcula as Nações Unidas que pelo menos 100 milhões de crianças vão para a cama faminta, todas as noites”. Além disso, há regiões onde a fome é total, imperativa mesmo, e outras causas indiretas, como doenças e más condições físicas agudas, que prostram milhares de vítimas, visto terem perdido a resistência devido à subnutrição. As mortes ocasionadas por essas condições nem sempre são relatadas pelos membros da família; as vítimas de doenças poderão ser relacionadas entre as que morreram de causas naturais, ou desconhecidas. A maldade cresce de maneira fenomenal.
Quanto as forças positivas, essas são muito dispersas, fragmentadas, perdidas no vácuo da maldade que permeia toda a atmosfera terrena. Todos, quase sem nenhuma exceção, vivem um clima de incerteza e grande ansiedade íntima. Anelam por dias melhores que nunca chegam.
* Francisco Assis dos Santos é HUMANISTA; E-mail: [email protected]