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ARTIGO – Todas as Vidas Importam!

Na audiência da última quarta-feira (03/06), o Papa Francisco se pronunciou a respeito da morte da George Floyd, afro-norte-americano brutalmente assassinado pela polícia de Minneapolis, EUA, no último dia 25, vítima do que o pontífice classificou como “o pecado do racismo”.

“Uma morte trágica”, disse o Papa. “Acompanho com grande preocupação a dolorosa desordem social dos últimos dias”, disse ele. “Ninguém pode fechar os olhos ao racismo ou à exclusão, nem deixar de defender a sacralidade de toda vida humana”, acrescentou o Papa, que também condenou a violência nas ruas que tomou conta das metrópoles norte-americanas pelos últimos dez dias. “Temos que reconhecer que a violência das noites recentes é autodestrutiva. Nada se ganha com a violência e muito se perde.”

A onda de manifestações nos Estados Unidos inspirou outros movimentos populares ao redor do mundo, como a manifestação antifascista, organizada pelas torcidas de futebol, que ocorreu na avenida Paulista. A morte de George Floyd ressoa em um momento em que o país digere dois casos gritantes de racismo em nosso próprio território.

Casos de assassinatos brutais de negros pela polícia não são novidade nos EUA, e o mais recente foi o de George Floyd ajudou a dar visibilidade ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), que luta pelos direitos dos negros nos EUA. E também está dando repercussão à causa em nosso próprio país. Não podemos mais conviver com, como o Papa coloca, o “pecado do racismo”. Vidas negras importam e devemos lutar por justiça racial em todas as esferas da nossa sociedade.

“Não consigo respirar” foram as palavras de George Floyd antes de morrer, e Eric Garner antes dele. “Só podemos respirar corretamente de novo – concluiu o Arcebispo de Galveston-Houston – com a ajuda do Espírito Santo, somente quando o nosso trabalho constante for o de eliminar o pecado do racismo da nossa sociedade”.

Lembramos também, no dia 14 de maio, o jovem João Pedro de Mattos, negro, de apenas 14 anos, foi morto a tiros, em sua própria casa, durante uma operação das polícias federal e civil no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro. E no dia 2 de junho, amargamos a morte do jovem Miguel Otávio, de apenas cinco anos, em um bairro nobre de Recife. Ele tinha acompanhado a mãe, a sra. Mirtes Renata, empregada doméstica, ao trabalho. Em dado momento, a funcionária do lar precisou sair para passear com os cachorros da família, e Mirtes deixou o garoto aos cuidados da patroa. A criança logo começou a chorar e a pedir pela mãe, então a senhora dona do apartamento simplesmente colocou o garoto de cinco anos no elevador e apertou o nono andar. A criança, desassistida, subiu no parapeito e caiu do nono andar.

Paralelamente, sem entrar no mérito de discussão do aborto, mas sim, Todas as Vidas Importam Sim. E como nós brasileiros adoramos copiar os americanos, estamos vendo uma onda de protestos no Brasil, misturado a uma insatisfação política e em meio à pandemia do coronavírus, com superfaturamentos de respiradores.

E sabemos que muitos dos que estão protestando pela morte trágica do George Floyd, berrando aos quatros cantos: “Vidas Negras Importam”, são favoráveis a pratica do aborto! Ué, mais não são todas as vidas? Opa, sinal de alerta para quem defende com unhas e dentes a pratica do aborto, “simpatizantes”, abortistas e grandes organizações. São todas as Vidas Importam sim, seja dos brancos, negros, amarelos, indígenas… Todas, são todas e em todos os momentos: desde a gestação até a nossa morte natural, sem esquecer é claro, do 5º Mandamento da Lei de Deus cf. Êxodo 20,13, que significa observar e acatar o respeito devido ao valor da vida humana, porque fomos criados à “imagem e semelhança” de Deus.

Finalizo com uma frase de Santa Tereza de Calcutá: “Mas eu sinto que o maior destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança – um assassinato direto da criança inocente – assassinato pela própria mãe. E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo sua própria criança, como nós podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?…”

Portanto, todos aqueles que defendem o aborto já nasceram; vivem porque tiveram acesso primeiramente ao direito à própria vida. Nenhum direito humano ficará de pé se for eliminado “o direito de nascer”.

Minhas preces são dedicadas a George Floyd, João Pedro de Mattos, Miguel Otávio e suas famílias, e é claro, todas as vítimas do Covid-19. Fique em casa! Paz e Bem.


Adaptado conforme: https://pt.aleteia.org/2020/06/05/o-que-os-protestos-nos-eua-tem-a-nos-ensinar/


* Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.

Pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida-Quintandinha-Petrópolis-RJ

Colaborador do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana

Secular-OFS, na Diocese de Rio Branco-AC

Encontro todo 3º Domingo do mês na Paróquia Santa Inês, às 09h00 (atividades suspensas).

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