A pandemia de Covid-19 colocou os estudantes em geral e, particularmente, os jovens que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio frente a um desafio adicional. Eles têm que estudar os conteúdos e manter a motivação em um cenário que reúne muitas adversidades.
É o mesmo desafio que tem sido enfrentado pelos 400 jovens de 16 a 29 anos que participam do projeto de capacitação Geração Energia, apoiado pela Energisa no Acre e em Rondônia, que visa desenvolver as competências socioemocionais dos jovens e prepará-los para o mercado de trabalho e oportunidades de emprego.
Para seguir com o projeto, que começou pouco antes do período de isolamento social, a Organização Não Governamental Educação Livre (EduLivre), em conjunto com as equipes da Energisa e dos outros parceiros do Geração Energia – Unesco, Sesi E Senai – redesenharam todas as dinâmicas e mantiveram o cronograma do programa. De lá para cá, foram muitos desafios, mas os jovens seguem motivados.
Ao todo, são 16 no Acre e 20 clubes em Rondônia. Cada um tem entre 5 e 8 participantes. Em Rondônia, temos dois clubes formados exclusivamente por surdos, comentou o coordenador de projeto da EduLivre, Hugo Chaves.
“Nós contamos com um intérprete que auxilia e conduz todas as atividades e desafios com esses jovens”, reforçou.
Apesar de todo o contexto e de serem, em sua maioria, jovens em situação de vulnerabilidade, o projeto segue com uma adesão alta. No Acre, 90% dos selecionados seguem participando. Na fase final, os 270 jovens que se destacarem seguirão para próxima fase, que é um curso presencial no Senai. Sendo 135 do Acre e 135 de Rondônia
Para Chaves, a experiência mostra que o papel dos mentores, que no caso do Geração Energia em Rondônia e Acre são funcionários da Energisa, é o grande diferencial, fundamental para identificar as dificuldades e ajudar a resolver.
“Esse contato com outras pessoas nos ajuda a nos manter motivados e buscar novas atividades e conteúdos. A pandemia mostrou que precisamos trabalhar de forma mais colaborativa, criativa e desenvolver novas habilidades”, afirma.
O coordenador de projeto da EduLivre, uma parceira tradicional da Unesco nessas iniciativas, conta que nesse período, os jovens estão enfrentando muitos desafios. A pandemia mostrou, por exemplo, que alguns não têm equipamentos necessários (celulares, computadores ou tablets) e que muitos não podem pagar por uma conexão à internet nem têm um local adequado para estudar.
“Estamos resolvendo os problemas caso a caso. Alguns jovens não tem computador. Então, usam o celular. Outros têm celular, mas não têm internet. Então, passamos a colocar crédito nos celulares deles semanalmente para que pudessem participar dos desafios e dos encontros. E há casos de jovens que usam aparelhos emprestados”, explicou.
Conheça a nossa plataforma que tem diversas trilhas e cursos sobre esse e outros temas. www.edulivre.org.br.
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O que é o Geração Energia?
O Geração Energia é um programa criado em parceria do EduLivre com a Energisa para desenvolver as competências socioemocionais dos jovens e prepará-los para o mercado de trabalho e oportunidades de emprego. Os jovens passam por uma formação socioemocional desenvolvendo habilidades e competências através de metodologias educativas inovadoras e tecnologia social que abordam temas de planejamento, comunicação, educação financeira, liderança, cidadania, inteligência emocional e resolução de problemas. Logo após essa etapa, os jovens irão receber formação do Senai em diversos cursos técnicos e profissionalizantes. E, por último, concorrer a vagas de trabalho na Energisa.
Como foram selecionados esses jovens?
Uma equipe de mobilizadores percorreu escolas públicas de Rondônia e Acre divulgando o projeto e convidado os jovens a se inscreverem. Foram selecionados 400 jovens, de 16 a 29 anos, para receberem qualificação profissional e acesso ao programa Geração Energia. Além da diversidade na faixa etária, que foi escolhida em função de estudos que mostram as dificuldades desse grupo de se inserir no mercado, também foram selecionados jovens com deficiência, que podem ser contratados pelas empresas como Jovens Aprendizes.
Em que fase estava o projeto quando começou o isolamento social?
Os jovens tinham iniciado a formação das trilhas e jornadas do conhecimento do EduLivre, na nossa plataforma online de ensino a distância. Eles também tinham acabado de formar seus Clubes e estavam começando a etapa de desafios. Os Clubes são equipes formadas por jovens que podem ser da área de empreendedorismo ou comunicação. Nos clubes os jovens desenvolvam atividades e aprendam a trabalhar em grupo e desenvolvam competências comportamentais essenciais para o mercado de trabalho e desenvolvimento pessoal.
E como funciona o programa?
A fase atual, que inclui as trilhas e desafios, é a de capacitação, quando os jovens desenvolvem as competências socioemocionais. Nessa fase, os desafios dos Clubes são divulgados e as equipes precisam observar alguns critérios estabelecidos para pontuar. Os desafios funcionam como um jogo. Quinzenalmente, é divulgado um ranking geral dos 56 clubes existentes no Brasil. Ao final, os dez melhores clubes do Brasil receberão um prêmio e participarão de um acampamento.
Então, uma parte do programa já acontecia de forma remota?
Sim, as trilhas são desenvolvidas no modelo de EAD, mas os desafios eram presenciais, desenvolvidos em grupos, de forma colaborativa, pelos participantes dos Clubes e também pelos mentores. Aí que está o grande desafio para organizadores, mentores e jovens. Tudo isso migrou para as plataformas virtuais.
Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos jovens?
Nem todos têm os equipamentos necessários (celulares, computadores ou tablets), muitos não podem pagar por uma conexão à internet, outros não têm um local adequado para estudar. Além disso, trata-se de um momento inédito e delicado para todas as famílias, com aumento do desemprego, adultos e crianças em casa, em isolamento social, sobrecarregados com as demandas dos trabalhos em casa e sentido os efeitos psicossociais do isolamento.
Como vocês resolveram esses problemas?
“Nós reformulamos o nosso programa para acontecer de forma totalmente online. Nós desenvolvemos atividades e uma metodologia para que os jovens continuassem engajados com os desafios e realizassem as trilhas de formação socioemocionais. Depois que reformulamos o programa para torná-lo remoto, foram surgindo outros desafios. Estamos resolvendo caso a caso. Alguns jovens não tem computador. Então, usam o celular. Outros têm celular, mas não têm internet. Então, passamos a colocar crédito nos celulares deles semanalmente para que pudessem participar dos desafios e dos encontros. E há casos extremos, de jovens que não tem nem celular e usam aparelhos emprestados de amigos e familiares”, explicou Hugo Chaves.
E como vocês estão conseguindo motivar os jovens para que continuem no projeto nessas circunstâncias?
“Nós acreditamos muito numa formação participativa onde os jovens, os mobilizadores do EduLivre e os mentores possam interagir e trocar experiências durante todo o processo. Os desafios são lançados para que os jovens possam realizar de forma conjunta como equipe e isso facilita o engajamento deles. Como também, os mentores estão tendo um papel fundamental nesse momento. Em encontros virtuais de 40 minutos por semana e por meio de grupos e mensagens privadas de Whatsapp, eles incentivam os jovens a continuar participando e mostram que têm muitos potenciais. Eles são funcionários da Energisa que se voluntariaram a participar do programa. Há profissionais de todas as áreas, advogados, engenheiros, administradores. Nos encontros, mesmo online, eles compartilham suas experiências profissionais e histórias de vida. Alguns vieram de famílias humildes também, mas estudaram e aproveitaram as oportunidades para crescer”, detalhou Hugo Chaves.
Qual a dica aos estudantes que precisam continuar se desenvolvendo nesse cenário?
É muito importante nesse momento de isolamento, não apenas para os jovens, realizarmos nossas atividades junto com colegas, professores, familiares e amigos. Esse contato com outras pessoas nos ajuda a manter motivados e buscar novas atividades e conteúdos. “A pandemia mostrou que precisamos trabalhar de forma mais colaborativa, criativa e desenvolver novas habilidades. Inclusive, no EduLivre oferecemos uma trilha especial sobre Coronavírus, com conteúdos gratuitos”, ressaltou Hugo. (Assessoria Energisa / Comunicação EAC)