Pensadores, de uns tempos para cá, começaram a perceber que os “grandes heróis” que fazem progredir o destino humano não são os homens políticos, os diplomatas, muito menos ainda, os generais, mas os descobridores científicos e os “ malucos inventores”. Afinal, diria o filósofo pragmático John Dewey (1859-1952) “ a ciência familiarizou os homens com a idéia do desenvolvimento…com a melhoria gradual e contínua do estado da humanidade comum” E mais: “ Agora, os homens podem enfrentar o futuro com a firme convicção de que a inteligência usada eficazmente pode eliminar males que outrora eram considerados inevitáveis.”
Essa assertiva do pedagogista, em dias idos, se confirma na presente hora em dois casos ímpares: O primeiro no debelar da “nuvem de gafanhotos”, que em décadas passadas seria quase impossível fazê-lo, deste modo, evitando um estrago épico nas lavouras do sul do Brasil; o segundo se caracteriza pelo esforço hercúleo de cientistas (ciência médica) em busca do medicamento eficaz e, por conseguinte, da descoberta da vacina que venha subjugar esse vírus devastador de nome “Novo Coronavírus” ou Covid-19.
Atualmente a ciência, inclui-se aí somente aquelas de cunho de investigação empírica, apesar do avanço a passos largos, não atende a demanda das agruras advindas da existência humana, pois nós, simples mortais, continuamos sem respostas para muitas necessidades básicas, cruciais para a sobrevivência humana. Só a guisa de exemplo, estatísticas recentes dizem que 550 milhões de pessoas moram em favelas. Os viciados em drogas são hoje milhões, envolvendo um “comércio” na ordem de 400 bilhões de dólares. Há 100 milhões de crianças de rua nas mega-cidades, espalhadas pelo mundo aguardando um horizonte melhor.
Nesse caso, pergunta-se: Onde estão os mecanismos científicos avançados, com exceção da ciência médica, no campo da economia; da política; do direito; do social; etc., que não encontram solução para as agruras humanas? A realidade dos problemas se torna mais assustadora quando se faz uma análise das tendências para os próximos anos. Não existe o menor sinal de que os problemas serão menores.
Por outro lado à ciência tecnológica está aí para oferecer todas as vantagens, notadamente, no campo do entretenimento. Ocorre que esse “avanço” da ciência tecnológica não livra o mundo, o de hoje e o de amanha, das ameaças de destruição total. Não se trata de idéia idiota, não, pois sei da importância que a tecnologia tem, especialmente no perscrutar dos fenômenos que permeiam o planeta terra e, por expansão, todo o sistema cosmológico.
Mas, todo esse fantástico avanço tecnológico somados aos fabulosos progressos da ciência, tem sido insuficiente para debelar causas primárias que afetam e aumentam a cada dia, a má sorte dos 212 bilhões de brasileiros. Sendo assim, voltamos a indagar: como é possível que a maioria das nossas cidades, pequenas, médias e grandes, independente do índice populacional, tenham tantas desgraças em série no campo da violência, sem que se tenha uma resposta razoável para o problema. Quando o assunto é violência as perspectivas são sombrias, já que estamos todos assombrados.
Karl Popper (1902-1994) físico, matemático e filósofo, dizia que o avanço da ciência se dá pela criatividade de imaginar hipóteses novas que possam explicar e resolver os problemas gerados pelas expectativas humanas preexistentes. Isto é, o fim último da ciência é o homem e as suas agruras terrenas.
Francisco Assis dos Santos*
*HUMANISTA. E-mail: [email protected]