Responsabilidade social é olhar além do que está explícito, ouvir além do que está sendo dito, ler com atenção as entrelinhas, perceber os silêncios, os gestos, o tom de voz do outro.
Um papo sobre intuição e a forma como percebemos o que está à nossa volta.
Entendo perfeitamente que todos estão entrando em desespero buscando formas de garantir sua subsistência, mas é impossível entender o megaempresário abrindo cinema drive-in e galerias achando lindo, emocionando-se.
Estamos em meio a uma pandemia, o vírus se disseminando descontroladamente no Brasil, não se tem ainda tratamento adequado, nem vacina, as UTI’s lotando, todo o comércio, indústria e, agora por último, parte das atividades de universidades voltando à forma presencial.
Nenhuma atitude de fato para suprir as necessidades básicas da população mais vulnerável, nenhuma ação efetiva de nenhum Governo Federal, estadual, municipal, nada!
Povo batendo palma para a iniciativa drive-in, nos grandes centros, comércio abrindo, entende-se o romantismo no imaginário, mas na realidade, pensando num monte de carro no mesmo lugar, cada um com 4, 5 pessoas, as idas ao banheiro, a forma como o povo contratando vai prestar serviço. Não chegamos nem na pior fase. O Estado continua registrando mortes em um dia e casos se alastram.
Definitivamente o “deus Dinheiro” continua no centro de todas as decisões.
Respeito à vida não seria querer gerar riqueza material neste momento, seria dividir quem mais tem com quem menos tem.
Os únicos locais onde o vírus foi controlado foi onde tudo foi fechado, todos testados, todos tratados e as fronteiras fechadas digam o que quiserem, mas foram as únicas medidas que preservaram vidas e saúde. Mas, aqui é Brasil, brasileiro é benevolente com gente rica e se orgulha de ser trabalhador, mesmo que isso lhe custe a vida.
Vamos refletir sobre a falta de medicamento para a sequência de intubação, anestésico, sedativo e os que paralisam a musculatura durante o procedimento e que já estão faltando em vários Estados brasileiros.
Estamos todos cansados, de tudo. E a única coisa a dizer é: fique em casa.
Não é ironia, nem piada, mas ninguém vai morrer se ficar mais umas semanas em casa. Não mesmo.
Beth Passos é jornalista.
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