A pandemia escancarou muitas faces do Brasil. Uma delas é o nosso atraso em tecnologia digital. Ouvi outro dia uma discussão sobre o 5G. E nem conseguimos ter qualidade no 3G ou 4G por todo o país. As empresas de telecomunicações brasileiras investem em publicidade com famosos, anunciando o que não tem para oferecer. Se houvesse ferramenta para comprovar o fato, nem daria para enumerar a quantidade de processos que acumulariam por promoverem descarada propaganda enganosa.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018, divulgada dia 29 de julho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet.
Essa exclusão digital é o maior obstáculo. Estamos vivenciando a consolidação de uma nova estrutura econômico-social, profundamente ligada à tecnologia sem qualidade nenhuma na internet. E as cansativas Lives, por famosos e pseudofamosos, apresentadas nesta pandemia comprovam o fato.
Esse também foi um dos motivos das inúmeras dificuldades do ensino online onde milhares de crianças e jovens ficaram sem estudar durante a pandemia.
O modelo online proposto tem como modelo o ensino tradicional, não levando em conta não só os problemas de acesso como o tempo de concentração e foco dos alunos, situação ambiental, estresses múltiplos.
É a falta de um conhecimento mínimo para manipular a tecnologia com a qual convive-se no dia-a-dia principalmente na educação.
É nessa ótica que devemos repensar o que fazer nos próximos meses.
Beth Passos é jornalista
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