Nesta semana, que findou, nós brasileiros, fomos surpreendidos pelo anúncio do presidente do Banco do Brasil do plano de fechamento de mais de 350 unidades de atendimento e demissão voluntária de mais de cinco mil funcionários.
No Acre, ao menos quatro agências bancárias devem fechar após restruturação anunciada pelo BB e devem ser transformadas em postos de atendimento sendo a Agência da Avenida Ceará, em Rio Branco; da Catedral, em Cruzeiro do Sul; Assis Brasil e Bujari vão ser fechadas. A agência de Mâncio Lima vai deixar de ser agência e se tornar posto de atendimento, assim como a de Feijó.
Como senadora da República, afirmo minha preocupação com este plano de reestruturação organizacional e administrativo do Banco do Brasil, nos moldes propostos pelo seu presidente André Brandão.
Primeiro, porque o Banco do Brasil é uma instituição secular, patrimônio inestimável da nação e motivo de orgulho dos brasileiros. Foi o primeiro banco a operar em nosso país, hoje figura como uma das maiores instituições bancárias da América Latina, tanto em termos de cobertura como de governança corporativa, resultado do trabalho de seus valorosos servidores.
Também porque o Banco do Brasil, assim como a Caixa Econômica, é um instrumento de política econômica do governo, com diversas linhas de crédito para a indústria, o agronegócio e a política habitacional do país, abrangendo micros, pequenos e médios empreendedores brasileiros nos municípios mais distantes.
Na medida em que é um banco público, o Banco do Brasil cumpre, ao longo de sua secular história, uma função social à nação. É possível imaginar quanto seriam os juros para aquisição da casa própria sem o poder regulador do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal?
Noutra ponta, a sociedade brasileira precisa da capilaridade do Banco do Brasil, porque na atualidade, mais de 99% dos municípios brasileiros são atendidos pela instituição, ajudando na inclusão social e no empreendedorismo nas regiões mais distantes do país.
Portanto, não seria de bom tom, o fechamento de agências e demissão de funcionários, ainda mais sabendo que muitas das unidades de atendimento que serão fechadas ficam em municípios distantes, onde nenhum banco privado terá interesse de se instalar.
Sabemos também que o Banco do Brasil é altamente lucrativo e passa distante de ser uma instituição pública deficitária. O sistema bancário brasileiro é concentrado e sólido e permite às principais instituições financeiras – incluindo o próprio Banco do Brasil – bastante margem de segurança e de lucros, verificados em seus balanços das últimas décadas.
O argumento de modernização torna-se inferior perante o interesse social. Devemos buscar outras formas de se modernizar sem sacrificar aqueles municípios e suas populações que só possuem acesso aos serviços bancários pelo alcance do Banco do Brasil, sendo, portanto, necessária uma compreensão sociológica das peculiaridades das várias regiões e microrregiões do país.
No Acre, estado que represento, conheço bem a realidade dos municípios mais distantes e o que o Banco do Brasil representa para suas populações. Nestes lugares, bem como em outros também longínquos e isolados da Amazônia, é preciso uma ação efetiva para facilitar a integração de suas populações em tempo mais curto no atendimento de suas necessidades dos serviços financeiros.
Esperamos que o Governo Federal reveja o plano de reestruturação, tomado pela sensibilidade das especificidades dos municípios que sem a presença do banco dos brasileiros, ficarão com suas populações ainda mais à margem de vários serviços essenciais.
Senadora Mailza Gomes