Após um grupo de imigrantes enfrentar a polícia peruana e invadir a cidade de Iñapari depois de ficarem três dias acampados na Ponte da Integração, que liga a cidade acreana de Assis Brasil ao Peru, sete foram levados para a Unidade Mista da cidade do interior do Acre com ferimentos leves.
Nessa terça-feira (16), a tensão na fronteira aumentou após os imigrantes enfrentarem a polícia peruana e invadirem a cidade de Iñapari. Houve confronto com o Exército peruano, que levou cerca de duas horas para reunir os imigrantes em um campo de futebol e os expulsarem da cidade.
Do lado peruano, a polícia usou gás lacrimogêneo, cassetetes e escudo para conter o avanço do grupo que estava invadindo a cidade e algumas pessoas ficaram feridas.
Entre os sete feridos estava uma criança de sete anos. Como eram apenas escoriações leves e hematomas, o gerente informou que eles receberam atendimento na unidade e depois foram liberados.
Ela informou ainda que o governo cedeu uma escola para a instalação de um segundo abrigo na cidade, a Escola Iris Célia Cabanellas. A secretária disse que foi informada pelo prefeito de Assis Brasil que 240 imigrantes retornaram para os abrigos ainda na terça após a tensão na fronteira e outros 130 continuam acampados na ponte.
A reportagem não conseguiu falar com o prefeito ou com a Secretaria Municipal de Assistência Social de Assis Brasil até última atualização desta matéria. A reportagem também tentou falar com o consulado do Peru no Acre e com o Itamaraty, mas não obteve resposta.
“Fui no sábado prestar o apoio que o Estado tem que dar para o município nesse momento difícil, levamos alguns insumos para o abrigo. São imigrantes de diversas nacionalidades, que já estavam no Brasil e que querem retornar para seu país, por isso esse aumento repentino. Está sendo feita toda uma articulação, inclusive já encaminhamos tanto para o Ministério de Relações Exteriores, como dos Direitos Humanos. Hoje o governador está indo para Brasília para falar com os ministros a respeito dessa situação. Enquanto assistência, estamos mandando equipe para ajudar na condução dos abrigos”, disse a secretária.
Segurança na ponte
Equipes do Grupo Especial de Fronteiras (Gefron) continuam na Ponte da Integração acompanhando a situação para garantir a segurança. A cidade recebeu ainda um reforço policial com a chegada do agrupamento de Choque da Secretaria de Segurança Pública do Acre (Sejusp).
O coordenador, delegado Rêmulo Diniz disse que são esperadas ainda mais equipes das polícias Federal e Rodoviária Federal para dar apoio na ação da fronteira.
“Parte dos imigrantes está na ponte e outra parte nos abrigos. A situação está um pouco mais tranquila, mas eles não estão tão passivos, estão tristes e revoltados com o Peru. Está chegando mais gente, ainda na terça chegaram mais uns 50 ou 60 imigrantes que vieram de avião até Rio Branco. Nós abordamos na estrada vários táxis que vinham trazendo eles, foram recomendados a não completar viagem, mas eles acabam vindo, não tem jeito. O Gefron está fazendo essas barreiras, até mesmo para dar informações de que está tudo fechado”, afirmou o delegado.
Preocupação com Covid-19 entre imigrantes
Devido à aglomeração dos imigrantes na ponte e também nos abrigos, as chances de proliferação do novo coronavírus aumentam. Segundo a secretária de Saúde de Assis Brasil, Luciene de Araújo, o município não tem testes rápidos suficientes para testar todos os imigrantes e por isso, deve implantar ainda nesta quarta equipes nos abrigos para fazer a triagem das pessoas.
Ela informou que uma imigrante precisou ser internada com sintomas da doença e está em estado grave. No entanto, até o momento, não há informação de casos suspeitos de Covid-19 dentro dos abrigos.
A mulher haitiana de 30 anos, segundo a gerência da Unidade Mista da cidade, deu entrada na unidade no último dia 15 e nessa terça (16) foi transferida para o Hospital do Alto Acre, em Brasileia. Ela está entubada e aguarda uma vaga para ser transferida para Rio Branco.
“Estamos fazendo acompanhamento e triagem para saber se tem pessoas com sintomas. Nós solicitamos do governo mais testes rápidos, porque o que temos no município não é suficiente para testar todas as pessoas. Ontem passei com médico nos abrigos para ver se tinha alguém com sintomas e estava tudo bem. Hoje estamos montando equipe de enfermagem nos dois abrigos para ficar fazendo essa triagem, caso tenha algum caso suspeito, nós fazemos a testagem, mas não tem como testar todos”, disse a secretária. (G1/AC)