O homem, na concepção bíblica, criado à imagem e semelhança de Deus, está se distanciando, a cada dia, da divindade. Esse distanciamento não acontece pela semelhança física, mas ética e comportamental. E quando se observa este desalinho num homem de governo, ou dizendo de outra forma, no homem que representa governo, é possível estremecer com a interrogação de “como caminha a humanidade”.
A pandemia de Covid-19 é uma crise global humanitária e sanitária sem igual, que, no Brasil, assume uma face ainda mais dramática, pois o País vivencia uma crise política sem precedentes. O governo federal assume constantemente uma postura danosa, negando a ciência, sonegando dados e desdenhando do sofrimento e luto de milhares de brasileiros. Esse aspecto político é crucial e não podemos nos omitir em expressar nosso posicionamento.
Esse é um governo que fez recrudescer a desigualdade social, já tão profunda em nosso país. A pandemia desvelou a desigualdade brasileira. E a desigualdade mata: os dados já mostram maiores taxas de óbitos entre populações de menor renda e entre pessoas negras. Inquérito sorológico nacional realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPE) mostrou que a incidência nos 20% mais pobres da população (4,1%) é mais do que o dobro da incidência entre os 20% de maior renda (1,8%).
Embora as medidas de distanciamento social tenham sido determinadas, precocemente, pelos governadores, a ausência de coordenação nacional e a negação da pandemia pelo presidente Bolsonaro minou as estratégias estaduais de distanciamento social. Chamando a pandemia de gripezinha, foi às ruas abraçando e beijando as pessoas, mesmo depois dos testes positivos para Covid-19 de 17 pessoas de sua comitiva que visitaram Trump. Com essa negação, as medidas para distanciamento social foram enfraquecidas, reduzindo a adesão da população a essa estratégia.
A pandemia reforçou a necessidade de fortalecer as autoridades sanitárias estaduais e a cooperação regional entre os municípios na construção efetiva de regiões de saúde, e demonstrou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) com acesso universal, gratuito e serviços capilarizados em todo o País. O SUS, com seus princípios de universalidade, integralidade e equidade, junto com a capilaridade de seus serviços pelo território nacional, teria potencial para lidar com a pandemia, ainda que cronicamente subfinanciado e desfinanciado agudamente pela Emenda Constitucional (EC) 95, que congelou gastos sociais por 20 anos, com perdas expressivas no financiamento federal da saúde nos últimos anos e de 22 bilhões de reais no orçamento de 2020.
É urgente investir pesadamente em estratégias de vigilância em saúde que possibilitem identificar e isolar rapidamente pessoas com sintomas de Covid-19 e seus contatos; fazer campanhas para conscientizar a população sobre a necessidade de uso de máscaras; evitar aglomerações e manter o distanciamento mínimo de dois metros de outras pessoas; e ficar em casa saindo somente quando necessário, mantendo o distanciamento físico, na medida do possível, são tarefas urgentes dos governos e da sociedade civil.
Ao longo dos anos, no Brasil, as instituições públicas vêm sendo tratadas com descaso pelos governos e mesmo assim elas vêm contribuindo, significativamente, para o avanço científico, técnico e cultural, bem como para a formação de profissionais. O atual Presidente do Brasil está com um governo conturbado pela pandemia e vem acumulando problemas em ministérios. Com efeito, ministros do governo foram exonerados por suas polêmicas e declarações nas redes sociais.
Outro problema grave foi o descaso do governo em adquirir vacinas e equipamentos médicos no contexto da pandemia de COVID-19. A escassez de equipamentos médico-hospitalares escancara o acirramento de uma competição econômica e diplomática, e um elemento geopolítico desconcertante no contexto diplomático internacional, que é a absoluta ausência de liderança do Brasil, com a consequente emergência de novos atores de instâncias subnacionais do governo no cenário internacional.
Outra leitura que salta aos olhos atentos e conduz à terceira leitura: deseja o governo matar a inteligência, no Brasil? Ora, se isso não é verdade por que então esse governo sucateia instituições públicas? Ou será que ele acredita, em sã consciência, ser possível a algumas categorias viver anos com um mesmo salário, num país de economia instável, com a vida por um preço em cada minuto do dia?
Em outros países do mundo o professor, o educador, o doutor, o pesquisador, são personalidades respeitáveis, necessárias à libertação da nação às misérias do mundo, não somente daquelas materiais, senão também das morais, sociais, éticas e cívicas. Como, então, exigir respeito num país onde as instituições não são temas de atenção e respeito? O quê esperar de um governo que não respeita o trabalhador?
Ensinar respeito à vida é o objetivo chave da educação em ciências da vida. Não interessa como alguém possa ler isso, mas uma coisa está clara, matar animais é antiético. E, agora, como dizer daquele que mata sonhos, esperanças e nega aoser humano o direito de construir uma pátria mãe gentil para todos, ao tempo em que apregoa desenvolvimento aumentando o fosso cultural entre o saber e o fazer? A população deverá reagir a esses desmandos, afinal todo o poder emana do povo, como reza a Constituição de 1988.
LIÇÕES DE GRAMÁTICA
“Perca” / “perda”
– Eis mais um parzinho fácil de distinguir: “perda” é substantivo, enquanto “perca” é verbo. Ou seja: se puder colocar artigo antes (“a perda” ou “uma perda”) é com “d”. Percebeu? Então observe:
- Não perca tempo: compre logo os meus livros.
- Acabe com a perda de tempo usando coisas de má qualidade.
“Descriminar” / “discriminar”
– “Discriminação”, com “i”, é separar as coisas, e por vezes tratar as pessoas ou questões de forma desigual por causa de algum preconceito. Já “descriminar” é tirar a culpa de um crime (daí o prefixo “des”, de negação, como em “descolorir”, por exemplo). Observe:
- Você já sofreu algum tipo de discriminação racial no trabalho?
- O júri descriminou o réu após um julgamento que durou muito tempo.
Prof.ª Dr.ª Luísa Galvão Lessa Karlberg
Pós-Doutorado em Lexicologia e Lexicografia – Université de Montréal – Canadá
Doutorado em Letras Vernáculas – UFRJ
Mestrado em Letras – UFF
Coordenadora Pós-Graduação, Campus Floresta – UFAC
Presidente da Academia Acreana de Letras – AAL
Membro da Intertional Writers and Artist Association – IWA
Embaixadora Internacional da Poesia – CCA