A Federação de Teatro do Acre (FETAC), em sua trajetória de mais de 40 anos, esteve, e ainda está presente em momentos importantes da história acreana, atuando política, social e culturalmente na sociedade local. Criada em 1978 por grupos amadores, seu objetivo era contribuir e fortalecer, de forma coletiva e colaborativa, os interesses e os anseios da classe artística acreana, que já se fortalecia para além das propostas ligadas à religiosidade, que marcaram o início de sua formação.
A FETAC vem aprendendo e se atualizando para a superação dos desafios impostos não apenas ao teatro, mas à cultura acreana como um todo. Além da realização de festivais, seminários, congressos, formações e da participação na construção e na execução de políticas públicas para a cultura, que sempre estiveram presentes em sua trajetória, em 2019, a federação se lançou em um novo e importante desafio: a organização e a disponibilização ao público de suas memórias e histórias.
“O projeto Revitaliza FETAC foi a primeira ação efetiva nesse sentido. Montamos uma força tarefa, que incluiu artistas e pesquisadores, e com o financiamento da Prefeitura de Rio Branco, através de projetos aprovados no Fundo Municipal de Cultura em 2019 e 2020, e com o apoio do Governo do Estado, que nos cedeu um espaço no Casarão, o Memorial da FETAC conta hoje com um acervo amplo e diverso totalmente à disposição do público interessado”, comenta Lenine Alencar, presidente da FETAC.
A publicação “FETAC e o Teatro Acreano” é um dos frutos desse trabalho e da preocupação das últimas gestões da federação com a memória não apenas do teatro, mas da cultura acreana como um todo. Afinal, não foram poucas as vezes que a federação abrigou outras linguagens artísticas em seu enorme guarda-chuva cultural. Poder contar fragmentos de sua história, e mais do que isso, querer que suas memórias sejam não só registradas, mas que a documentação seja colocada à disposição do público, para interesses científicos, pessoais ou afetivos, tem sido uma das metas da FETAC nos dois últimos anos.
Incluindo textos históricos e autorais de personagens dessas mais de quatro décadas, além de depoimentos, homenagens e um capítulo totalmente dedicado aos grupos de teatro atualmente filiados, a publicação é sem dúvida um importante documento histórico, que não pretende trazer verdades únicas e incontestáveis, mas sim contribuir para o aprofundamento das pesquisas, convidando o público à novas reflexões. Sua construção, feita à várias mãos, propiciou um diálogo entre gerações, desde aqueles que em fins da década de 1970 sonharam com a construção de uma entidade que agregasse o movimento cultural, até os que nos dias de hoje dão continuidade a esse trabalho e mantém a FETAC viva e atuante.
O lançamento acontecerá no próximo dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, que desde 1980 é comemorado pela FETAC em conexão com os demais movimentos de teatro existentes ao redor do mundo. A publicação foi possível pela sensibilidade de todos e todas que acreditaram e acreditam no trabalho da FETAC: grupos filiados, artistas de teatro e de outras linguagens, Prefeitura de Rio Branco, através da Fundação Garibaldi Brasil – Edital 2020 do Fundo Municipal de Cultura; Fundação Elias Mansour; Gabinete do Deputado Estadual Daniel Zen e a equipe de pesquisadores envolvidos. Todos contribuíram para que a FETAC pudesse concretizar esse sonho e não mediram esforços para apoiar a federação nessa empreitada.
“Eu vejo essa publicação da FETAC como uma proposta muito forte de diálogo entre épocas históricas, entre gerações, entre angústias, entre lutas, entre fazeres culturais diversos. Ao mesmo tempo que a FETAC comemora seus 40 anos, ela amplia o campo do diálogo, com narrativas que abrem caminhos para relações coletivas, resgatando outras histórias que estão guardadas nas memórias das pessoas que terão acesso e que participaram do cenário da cultura acreana. Estou muito feliz em fazer parte desse trabalho, através do meu grupo, dialogando com outros momentos históricos. A FETAC é um encontro de muitas gerações, identidades, subjetividades e experiências, que são parte da publicação. Ainda temos muito a fazer! Essa publicação é um convite que vai trazer a tona muitas histórias que ainda virão e o passo inicial para escrever a história da FETAC já foi dado”, comenta Maiara Pinho, do grupo Aguadeiro.
“As Matas de Matias”
Dramaturgo, ator, poeta, contador de histórias e líder social. Essas diversas atuações culturais e sociais, sempre trabalhando junto às comunidades carentes e periféricas, marcaram a vida e a obra de um dos grandes personagens da cultura acreana: Matias.
Incluído nesse trabalho voltado ao resgate das memórias do teatro acreano e por sua importante participação na cultura acreana, surgiu a ideia de localizar, organizar e disponibilizar material sobre o Matias, o que foi feito através do projeto “As Matas de Matias”, inciativa do historiador, diretor e ator Lenine Alencar, através de projeto aprovado no Edital 2019 do Fundo Municipal de Cultura. O catálogo produzido como produto final do projeto possui textos, imagens e a reprodução de documentos diversos sobre a vida e a obra de Matias.
“A iniciativa do catálogo “As Matas de Matias” era produzir um documento que colocassem fragmentos de sua história à disposição de pesquisadores e interessados. Os resultados superaram nossas expectativas, sendo o passo inicial para a organização da “Coleção Matias” no acervo do Memorial da FETAC”, resume Lenine Alencar.
O catálogo “As Matas de Matias” está disponível em versão digital no acervo do Memorial da FETAC. (Assessoria)