Sabemos, até por analogia, que a pandemia da Covid-19 dever ser – dia mais, dia menos – controlada. Entretanto, o nosso coração esfria e a mente paralisa quando o assunto é delinquência, bandidagem e crimes de toda sorte, sobretudo crimes hediondos (vicioso, sórdido, imundo, repulsivo, horrendo, sinistro, pavoroso, medonho, etc.) que permeiam as pequenas e grandes cidades. É uma delinquência pandêmica, cujas variantes avançam com um poder irresistível, alcançando, sem pedir licença, a exemplo do CORONAVÍRUS, todos os segmentos sociais.
E as soluções? O que fazer para, ao menos, conter o avanço inexorável dessa delinquência pandêmica? Qual é a saída para essa estúpida violência urbana? Que soluções existem para conter esta mazela?
Eis o problema: Onde está a resposta para a questão da violência? Estará em mais ação da polícia? Numa punição mais rigorosa, na pena de morte? Em mais elevada educação? Em atitudes governamentais mais rígidas?
Estas e outras interrogações são feitas por todos nós, todos os dias e em todas as horas de aflições pela qual passamos. Ninguém parece ter respostas para estas perguntas. As respostas, quando muito, ficam no campo dos debates simplórios. Fala-se, e muito, na criação de programas de inclusão social, educação, etc. Do combate ao desemprego, à miséria, às drogas, má distribuição de renda. Mas, tudo isso é clichê mil vezes reprisado sem que se tenha, contudo, soluções concretas. Alguns dizem que o sistema tributário, em vigência no Brasil, aprofunda essa desigualdade. Quem sabe!
Talvez a resposta não seja objetiva, provavelmente esteja no subjetivo, no interior de cada sujeito. Porventura, essa vocação, para não dizer maldade progressiva, do homem contra o seu semelhante, essa violência sem medida, esse ódio ao outro, já nasce e faz parte da alma da infeliz criatura racional? Seria, antes de tudo, uma maldade moral, uma casta tão assustadora que, salvo por uma intervenção divina, diria Santo Agostinho, nos fará, desgraçadamente, sucumbir a todos.
Na minha ótica estrábica, todos os problemas que nos afligem, são antes de qualquer coisa ou causa, de caráter moral. Essa moral distingue-se dos moralismos pelo seu objetivo de vida, de desenvolvimento das liberdades regradas, mas também, por sua vontade de consolidar um tecido social que, sem ela, é defeituoso. Os efeitos dessa maldade moral, segundo estatísticas recentes, retratam um quadro assustador Essa atitude ilícita, em relação ao nosso próximo é mesmo um mistério, um enigma para o pensamento.
Não me canso de dizer que, no Iluminismo (século XVIII), acreditava-se que a idade da superstição e da barbárie estava a ser progressivamente substituída pela ciência e pela razão, atribuindo-se à história uma linha evolutiva de caráter moral. Triste engano, pois nem mesmo aquela “educação” moral de inculcar nas pessoas o medo às conseqüências da não observância da lei, não surte mais efeito. Corremos o risco de destruir a moral. Enquanto isso, somente em nível de Brasil, a delinqüência, tal qual uma pandemia, assola os quadrantes da nação brasileira. Triste realidade!
“É uma delinquência pandêmica, cujas variantes avançam com um poder irresistível, alcançando, sem pedir licença, a exemplo do CORONAVÍRUS, todos os segmentos sociais”
Francisco Assis dos Santos é humanista.
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