Achei um canal de Youtube que é um verdadeiro tesouro para os apreciadores de realities antigos de gosto duvidoso. E aí já viu, né? Já vou na décima quinta temporada do The Biggest Loser (não sei se lembram desse, mas é um programa que fez bastante sucesso nos anos 2000, uma competição de perda de peso). Essa temporada é de 2013. E digo a vocês, como caminhamos no que se refere ao respeito pelo corpo do outro. No geral, a narrativa é de superação, mas há algumas falas que jamais passariam por uma edição hoje.
Embora já não faça mais tanto sentido, o que será que nos faz seguir acompanhando essas bagaceiras (e aqui incluo vocês, mas quem tá acompanhando bagaceiro sou eu, nem sei o que vocês andam assistindo por aí)? Essa é fácil. São pessoas, histórias de pessoas. No fundo, tanto faz quanto peso eles perderam, o que eu quero saber é se o bebezinho do Craig nasceu bem – a essa altura, a menina já tem 8 anos -, se a Tanya está conseguindo caminhar como gostaria – tinha uma história duríssima -, se Ruben segue cantando. Gente. Gente é o que mais me interessa nessa vida.
Conversava com um amigo, justamente sobre o The Biggest Loser, e ele me contou que gosta de um outro reality que se chama
Aeroporto. Não conheço esse, mas, segundo disse, os episódios contam de pessoas que, por uma razão ou outra, vivem experiências difíceis em aeroportos; são interceptadas no detector de metais, têm a bagagem revistada e precisam dar explicações, engancham na imigração, ou, simplesmente, perdem o voo. Trabalhasse na Netflix (nem sei se é da Netflix), classificaria como terror. E mais, para maiores de 21, com alerta de gatilho e tudo.
Rimos muito da ideia dele, em casa, quarentenado, sem poder ir pra lugar nenhum, escolhendo justo esse aspecto da viagem dos outros para acompanhar. De novo, tanto faz o programa, é a relação dele com o programa que se faz interessante. Sempre essa terceira coisa que se cria entre nós e o que nos afeta. Entre nós e quem nos afeta. Torço pelo Craig, a Tanya, o Ruben, meu amigo, você e o povo aperreado do aeroporto. E quero saber notícias. Me conte, como você está, o que anda assistindo, pelo que tem sido afetado nesses meses, o que está pesando por aí? Nós e o outro. Essa é a única viagem real. A única que vale mesmo a pena.
Boa semana, queridos.
ps: é verdade esse bilhete. O convite para a conversa está valendo. Estou no contato@robertadalbuquerque.com.br. Espero por vocês e já coei o café.
(*) Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessáveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…