A Covid-19 ainda causa dúvidas em relação aos sintomas e consequências que a doença pode causar ao olfato, paladar e sistema respiratório. Para esclarecer o assunto, o Dr. Gilberto Ulson Pizarro, otorrinolaringologista, do Hospital Paulista respondeu algumas perguntas.
1) Dias sem sentir gosto e nem cheiro, pode ser Covid-19?
Mito. No atual momento, a possibilidade não deve ser descartada, porém a dificuldade em sentir cheiros não é uma exclusividade da Covid-19. É comum que, em doenças como H1N1, rinites, pólipos e desvios de septo, as pessoas apresentem a falta de olfato como um de seus sintomas. “Para se ter um diagnóstico correto, é indicado que, ao apresentar este ou mais sintomas, o paciente procure um hospital”, orienta o especialista.
Verdade. Por fazerem parte do grupo de risco à doença, os idosos têm maior probabilidade de apresentar quadros mais graves. E essa é uma das explicações do porque a imunização contra o vírus é imprescindível para esse grupo que tende a ter a saúde mais vulnerável nesta fase da vida. No entanto, não pode deixar de mencionar que, desde o surgimento da doença, cada vez mais pessoas jovens têm tido o quadro agravado pela doença e até perdido suas vidas para o vírus.
3) Quando há a perda do olfato e paladar por mais de 15 dias, tem como recuperá-lo?
Mito. Ninguém pode afirmar que o olfato não pode ser recuperado. Atualmente, existem tratamentos intensos capazes de devolver o olfato em até 6 meses. A recuperação pode ser feita em até dois anos após a percepção do dano. Segundo o médico, apenas 1,4 % dos casos são irreversíveis.
4) Fazer gargarejo com vinagre ou água salgada ajuda na prevenção?
Mito. A forma de prevenir a doença é evitando o contato com o nariz, a boca e os olhos. Por esse motivo, as mãos também devem estar sempre higienizadas. Um estudo de 2015 da Universidade de Medicina da Austrália apontou que, por hora, uma pessoa toca no rosto cerca de 23 vezes e 44% destes contatos envolvem membranas mucosas presentes nos órgãos. O uso correto da máscara também evita o contato e a transmissão do vírus.
5) Usar descongestionantes nasais pode ajudar a recuperar o olfato?
Mito. Descongestionantes nasais melhoram a recuperação do olfato de forma parcial. O uso indiscriminado destes medicamentos, por um período superior a 7 ou 10 dias, pode provocar lesões na mucosa, gerando dependência e riscos cardiovasculares, como taquicardia e angina.
6) Pessoas que sofrem de alergias como (rinites, sinusites ou bronquites) têm mais chance de contrair a Covid-19?
Verdade. Pacientes que têm algum tipo obstrução nasal, coceira e coriza tendem a levar as mãos ao nariz muito mais vezes, provocando maior contato com o vírus. Isso acontece por ser um reflexo involuntário.
7) Peguei Covid-19, não sinto gosto e cheiro de nada. Pode tratar as sequelas sozinho?
Mito. Caso a perda de olfato seja de 15 dias ou mais, ela deve ser tratada com medicações específicas, capazes de evitar sequelas mais graves. Procure um otorrinolaringologista.
8) A máscara é prejudicial para quem sofre de alergias respiratórias?
Mito. A máscara não tem capacidade de piorar a rinite. O que acontece é que pessoas em crise de rinite podem ter dificuldades para usar a máscara. Por isso, a doença deve ser acompanhada por um especialista, para que seja tratada ou ao menos controlada.
9) Espirro é um sintoma de Covid? Devo segurá-lo perto de uma pessoa para evitar disseminar a doença?
Mito. Os espirros não necessariamente representam a existência da Covid-19, eles estão presentes em gripes, resfriados e alergias, causadas por diversos motivos. Segurar o espirro também não é recomendado. A melhor forma de evitar a disseminação do vírus é utilizando máscaras.
10) O ibuprofeno pode ser utilizado no alívio dos sintomas da gripe causada pelo Coronavírus?
Mito. O anti-inflamatório ibuprofeno está em investigação e, no momento, não é recomendado. “Além disso, a automedicação deve ser terminantemente evitada. Seja para a Covid-19 ou quaisquer outras patologias. O indicado, sempre que apresentar um sintoma que possa estar relacionado à alguma doença, é procurar um médico para análise e orientação correta dos medicamentos, de acordo com o que estiver sentindo”, finaliza o otorrinolaringologista.
Consultoria: Dr. Gilberto Ulson Pizarro, otorrinolaringologista. (Com informações do Hospital Paulista)