Estima-se que cerca de 800 mil pessoas em todo o mundo cometam suicídio anualmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Durante a pandemia, o desafio de lidar com esse problema de saúde pública ficou ainda maior em todo o globo, e no Acre não é diferente.
No período de 2010 a 2020, foram registrados 574 óbitos por violência autoprovocada no Acre. Desde o início da série histórica o número de óbitos apresentava uma tendência crescente, contudo em 2015 ocorreram 37 óbitos correspondendo a uma redução de 24,4 % em relação ao ano de 2014.
De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre, o número de óbitos por suicídio se concentrou no ano de 2020, coincidindo com a a pandemia de Covid-19. Os municípios com maior porcentagem de mortes foram Rio Branco com 45,6% do total, Cruzeiro do Sul com 10,6% e Tarauacá com 8,8%( Figura 2).
Segundo a OMS, cada morte afeta, em média, 135 pessoas próximas, o que significa dizer que ao menos 108 milhões de pessoas são afetadas todos os anos por suicídio. Para em oferecer apoio a essas pessoas, o Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (NDANT) tem realizado ações de prevenção às violências interpessoais e autoprovocadas, como suicídio tentado ou consumado.
“Infelizmente com o contexto da pandemia de coronavirus, foi observado o aumento de mortes por suicídio em todo o mundo e não foi diferente no Estado do Acre. De acordo com o sistema de informação de mortalidade, no período de 2010 a 2020 a maior taxa se concentrou em 2020”, declarou Carla Diana de Mello, chefe do NDANT.
Segundo ela, vários fatores estão relacionados esse aumento como depressão, ansiedade, e também a insegurança financeira, apontada como fator de risco. “Diante desse cenário várias ações estão sendo realizadas como a capacitação de profissionais em todo o Estado na abordagem, no acolhimento na identificação do caso, na notificação imediata em até 24 horas para que seja feito o encaminhamento psicossocial de forma mais célere possível, garantindo a proteção e apoio integral dessa pessoa em situação de violência”, explica Mello.
Subnotificações preocupam
Outro dado que tem preocupado, é a subnotificação de casos, pois segundo o boletim epidemiológico, no período de 2010 a 2020 foram notificados 3.503 casos de violência autoprovocada. Houve um aumento gradativo das notificações com redução em 2018 retomando em 2019 com 834 notificações. Já em 2020 houve uma redução de 29% em relação ao ano de 2019. Os municípios com maior porcentagem de notificações foram Rio Branco, Brasiléia e Cruzeiro do Sul com 63,2 %, 7,4% e 6%.
Carla Mello destaca, ainda, que pessoas que precisarem de ajuda podem recorrer às unidades de saúde, pois há pessoas preparadas para fazerem o atendimento.
“Se dirijam às unidades de saúde, pois elas estão aptas a fazer o atendimento, notificação e encaminhamento para o apoio psicossocial. Nós estamos diante de um caso de agravo que traz um impacto negativo para os familiares da vítima e para a própria sociedade. Então fica o alerta e os profissionais também reforcem a notificação e a população que se dirija às unidade de saúde para o encaminhamento adequado”, finalizou.