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Em região de fronteira, Acre é cenário para casos de tráfico de pessoas

O dia 30 de julho marcou o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. No Acre, em 2021, foram registrados três casos envolvendo dois egípcios e uma iraniana. Este ano, o Estado aderiu à campanha Coração Azul, com o intuito de orientar a população sobre os cuidados necessários para não se tornarem vítimas de crimes desse tipo.

Desde 2016, a Secretaria de Estado de Assistência Social dos Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres (SEASDHM) registrou 10 casos de tráfico de pessoas. Dentro deste número estão casos como o de um dominicano, homossexual, que chegou ao Acre após fugir de uma rede de exploração sexual, em 2020.

“Ele passou por vários países e se livrou no Peru até conseguir vir para cá. Chegou muito abalado, chorando, num estado degradante de vulnerabilidade”, relata Maria da Luz França, chefe do Departamento de Direitos Humanos da SEASDHM. A secretaria trabalha fornecendo atendimento médico, psicológico e resolvendo burocracias com outros países.

Com ação preventiva, campanha realizou palestras informativas em pontos específicos do Estado, como o aeroporto e a rodoviária de Rio Branco, e a cidade de Assis Brasil, que faz fronteira com o Peru e a Bolívia. A ideia é que as pessoas saibam detectar situações de risco, tanto para quem está no estado como para quem pretende viajar.

Aeroporto foi um dos pontos de orientação de campanha sobre tráfico de pessoas.

“É uma ação para que as pessoas conheçam as vulnerabilidades da situação de tráfico de pessoas, a finalidade e os meios que o tráfico de pessoas se torna risco para população. Muitas vezes as pessoas são enganadas com proposta de trabalho e acabam sendo vítimas de trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de órgãos”, explica a secretária. Ela alerta ainda que os pais devem orientar seus filhos, pois as crianças representam o público mais vulnerável.

O trabalho da secretaria conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que acaba constatando e identificando casos, principalmente na fronteira. As crises imigratórias que ocorrem na região, foram um alerta para tais crimes. “O Acre é um corredor onde passam tráfico de pessoas. Já tivemos várias crises imigratórias. Desde 2010, existe algum tipo de passagem de imigrante em grande quantidade e, nesses período de crises mundiais, se potencializam” declara o presidente da comissão de direitos humanos da Polícia Rodoviária Federal no Acre (PRF/AC), Wilse Brito,

O tráfico de pessoas ocorre quando pessoas são deslocadas de região, nacional ou internacional, por meio de engano, ameaça ou abuso para fins como trabalho escravo, exploração sexual, adoção ilegal, tráfico de órgãos, etc. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que cerca de 50 mil pessoas foram vítimas de tráfico humano em 148 países, em 2018.

Casos de tráfico humano podem ser denunciados pelo Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos, ou pelo número 180, da Secretaria Nacional de Política para as Mulheres.

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Daniel Scarcello: