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Gregos e Fenícios legaram ao mundo o alfabeto latino

O alfabeto ou abecedário é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa ordem convencional. A palavra alfabeto compõe-se de alpha + beta, as duas primeiras letras do alfabeto grego, correspondentes ao nosso a e b. Durante muitos séculos, a Antiguidade não conheceu uma forma absolutamente precisa de comunicar ou registrar, por escrito, as palavras faladas. Existiam, então, entre os vários povos, diversos sistemas de escrita, todos mais ou menos iguais porque se baseavam na ideografia, isto é, consistiam em representar as idéias por meio de pinturas ou desenhos.

Esse processo se foi desenvolvendo pouco a pouco, culminando no verdadeiro elemento fonético, representado pela escrita cuneiforme na Mesopotâmia, e hieroglífica no Egito, desde o ano 3000 a.C., quando determinados sinais, independentemente da sua forma, passaram a representar um valor fonético isolado. Coexistiam, todavia, com um sistema de ideogramas; a escrita cuneiforme baseava-se numa fonética silábica; e a hieroglífica era ora silábica, ora consoante. Em outras palavras, esses caracteres tinham um valor ora ideográfico ora fonético e, ainda quando fonéticos, podiam representar uma multiplicidade de sons.

É impossível determinar, com exatidão, a data do aparecimento do alfabeto. Em dezesseis textos achados em Serabit-el-Khaden, na Península do Sinai, escritos em língua semítica, existem cerca de 27 sinais diferentes, semelhantes aos hieróglifos, mas de critério nitidamente alfabético. Discute-se, entretanto, se a data destes documentos é da época de 1900 a.C. ou do começo do primeiro milênio.
Segundo dados históricos, no começo de 900 a.C., a Grécia adotou o alfabeto fenício que tomou feitio próprio no século IV a.C., com a formação definitiva do alfabeto jônico, ainda hoje utilizado, composto de 24 letras. Alguns alfabetos europeus se originam do fenício e outros do grego. O alfabeto latino, ou romano, foi criado no século VIII a.C. (mais precisamente 753 a.C.), de acordo com a lenda. Baseou-se no alfabeto etrusco, que derivava do grego. Das vinte e seis letras etruscas originais, os romanos adotaram vinte e uma. E usavam 23 letras para escrever em Latim: A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V X Y Z. Não havia letras minúsculas, I e V podiam ser usadas como vogais e como consoantes, e K, X, Y e Z eram usadas apenas para escrever palavras de origem grega. As letras J, U e W foram adicionadas ao alfabeto num estágio posterior para escrever outras línguas diferentes do Latim. J é uma variante de I, U é uma variante de V e W foi introduzido como “duplo V” para fazer a distinção entre os sons [v] e [w]. Os manuscritos mais antigos reproduziam, com leves alterações, a escrita maiúscula das inscrições. Desta nasceu a escrita oficial e, da cursiva romana, conhecida por ser utilizada em atos oficiais, nasceram os carateres minúsculos utilizados pelos copistas do Ocidente.

O alfabeto latino se disseminou pela área Mediterrânea: Itália, França, Espanha, Grécia, Catalunha, Portugal, Córsega, Egito. Chegou, ainda, na Ásia Menor. Depois se disseminou para os povos germânicos da Europa setentrional, com o Cristianismo, tomando o lugar das runas dos vikingos. Na Idade Média, o alfabeto latino chegou aos povos eslavos ocidentais: poloneses, tchecos, croatas, eslovenos e eslovacos, considerando que essas nações se submeteram à expansão do Cristianismo Romano. Os eslavos orientais adotaram o Cristianismo Ortodoxo e o alfabeto cirílico. Os países bálticos como a Lituânia, Estônia, Letônia e Finlândia e aqueles de línguas não européias, como a Hungria, adotaram, também, o alfabeto latino.
Nos últimos 500 anos, o alfabeto latino se disseminou pelo mundo. Passando pelas Américas, Austrália, e partes da Ásia, África, e o Pacífico, com a colonização européia, através dos idiomas: espanhol, português, inglês, francês, e holandês. No século XVIII, o romeno adotou o alfabeto latino; apesar do romeno ser um uma língua românica, os romenos eram predominantemente cristãos ortodoxos, e até o século XIX a igreja usava o alfabeto cirílico. Também o Vietnã, sob ordens da França, adaptou o alfabeto latino para se usar com o vietnamita, que anteriormente usava caracteres chineses. O alfabeto latino também é utilizado por muitas línguas austronésias, inclusive o tagalog e outros idiomas filipinos, e as línguas oficiais da Malásia e Indonésia substituíram os alfabetos Árabe e Bramânica indiana, para adotarem o latino. Em 1928, como parte das reformas de Kemal Ataturk, a Turquia adotou o alfabeto latino para o turco, substituindo o alfabeto árabe. Depois do colapso da União Soviética, em 1991, muitas das recém-indepententes repúblicas turcófonas adotaram o alfabeto latino, abandonando o cirílico.

Azerbaijão, Uzbequistão e Turcomenistão adotaram oficialmente o alfabeto latino para o azéri, o uzbeque e o turcomeno, respectivamente. Na década de 1970, a República Popular da China desenvolveu uma transliteração oficial do mandarim para o alfabeto latino, chamada Pinyin. Contudo o uso de caracteres chineses ainda é predominante.

O alfabeto ocidental atual é o alfabeto latino de 26 letras. É composto por: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z. Sobre o Latim, língua originária das dez línguas românicas, foi no século XV que ele começou a perder sua posição dominante na Europa como língua de estudiosos e religiosos. Foi amplamente substituído por versões escritas das línguas vernaculares européias, muitas das quais eram descendentes ou haviam sido fortemente influenciadas pelo Latim.

O Latim moderno foi usado pela Igreja Católica Romana até meados do século XX e continua sendo eventualmente usado, principalmente na cidade do Vaticano, onde é uma das línguas oficiais. A terminologia latina é extensivamente usada por biólogos, paleontologistas e outros cientistas para dar nome a gêneros e espécies. Também é muito utilizada por médicos e advogados. O sistema ortográfico adotado atualmente no Brasil é o aprovado pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943, e simplificado pela Lei nº. 5.765, de 18 de dezembro de 1971. O alfabeto possui 23 letras: A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z. Além dessas letras, há três que só podem ser usadas em casos especiais: K, W e Y.

Para concluir, ressalta-se a importância do alfabeto latino, no mundo, com a transcrição do Artigo 1º da Declaração Universal de direitos Humanos, que assim escreve: Omnes homines dignitate et iure liberi et pares nascuntur, rationis et cons-cientiae participes sunt, quibus inter se concordiae studio est agendum. Tradução: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

 

DICAS DE GRAMÁTICA

 MEU ÓCULO, MEU ÓCULOS, MEUS ÓCULOS?

– Meus óculos, é claro. Esse plural se explica porque se trata de um par, assim como as meias, os sapatos, os brincos, as calças, as algemas, as luvas.

O INGRESSO É GRATUÍTO OU GRATUITO?

           – O ingresso é gratuito. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

VENDEU UM GRAMA DE OURO OU VENDEU UMA GRAMA DE OURO?

           Vendeu um grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, a grama (erva), a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

ELA ERA MEIA LOUCA OU MEIO LOUCA?

– Ela era meio louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

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Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ: Membro da Academia Brasileira de Filologia; Presidente da Academia Acreana de Letras.

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