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Vacinação de adolescentes contra a covid-19: tire as principais dúvidas

Se adolescentes não são o grupo de maior risco para a covid-19, por que vacinar esta faixa etária? Esses jovens podem tomar qualquer imunizante? É melhor aplicar doses primeiro em todos os adultos ou aumentar a parcela da população protegida? Entenda essa e outras questões abaixo:

Por que é importante vacinar adolescentes?

Os motivos são vários. Quando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a inclusão de adolescentes de 12 a 17 anos no calendário de vacinação do Estado, especialistas em saúde ouvidos pelo Estadão avaliaram que a iniciativa é positiva.

“Vacinar os adolescentes é extremamente importante para chegar ao benefício coletivo da imunidade de rebanho”, disse, em julho o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Pedro Hallal. Segundo ele, a medida também ajuda na retomada das aulas presenciais – considerada por especialistas como uma prioridade diante do longo período de colégios fechados no Brasil.

Na mesma época, o professor de Medicina da Universidade de São Carlos (Ufscar) Rodrigo Stabeli acrescentou que quanto mais rápido a vacinação avança, inclusive entre os adolescentes, mais a cobertura vacinal no País passa a ser significativa, fazendo com que a transmissibilidade e a possibilidade de surgirem novas variantes diminuam.

Onde já foi iniciada a vacinação de adolescentes?

Sim. A faixa etária de 12 a 17 anos, a qual o governo de São Paulo pretende começar a vacinar a partir de 18 de agosto, já passou a ser incluída nos programas de vacinação de países que estão mais avançados na cobertura vacinal, como Estados Unidos, Canadá, Chile, Japão e em vários países da Europa. No Brasil,  muitas capitais já começaram a aplicar doses nesses jovens.

Quais vacinas podem ser aplicadas em adolescentes no Brasil?

Até o momento, a vacina da Pfizer é o único imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinação de crianças e adolescentes no Brasil. Outra possibilidade de vacina para essa faixa é a Coronavac, imunizante do laboratório chinês Sinovac produzido em parceria com o Instituto Butantan.

Com o avanço da vacinação, o Butantan pediu à Anvisa, no dia 30 de julho, aprovação para incluir o público de crianças e adolescentes na faixa de 3 a 17 anos de idade na bula da vacina. Ainda não houve retorno sobre o pedido.

Estudo divulgado em junho pela revista científica The Lancet apontou que a Coronavac é segura e eficaz para pessoas na faixa etária de 3 a 17 anos. Os testes foram feitos na China e a taxa de produção de anticorpos contra o vírus foi superior a 96% após 28 dias da vacinação com duas doses.

Adolescentes também transmitem covid-19?

Sim. Embora os adolescentes não sejam considerados fortes transmissores da covid-19, eles contribuem para a transmissão da doença. De acordo com o cronograma de imunização do Estado de São Paulo, é justamente o grupo de adolescentes com comorbidades que será priorizado a partir do início da vacinação dos menores de 18 anos.

Vacinar adolescentes é mais urgente do que completar a imunização da população adulta?

Vacinar adolescentes antes de completar o esquema vacinal de adultos é uma questão divide especialistas. Uma parte defende completar o esquema vacinal dos adultos, que têm maior risco. Outros acreditam que é melhor garantir algum grau de proteção para uma parcela maior da população.

Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Julival Ribeiro afirma que a pergunta sobre priorizar adolescentes continuará sendo muito debatida no Brasil. Isso porque a maior parte da população está vacinada com apenas uma dose, insuficiente na proteção contra a variante Delta, mais transmissível. “É uma decisão difícil no Brasil, sobretudo porque milhões de pessoas ainda precisam ser vacinadas e milhões de pessoas só tomaram a 1ª dose”, complementou o infectologista.

Segundo Ribeiro, se a vacinação estivesse mais avançada, estratégias como a aplicação de uma terceira dose em idosos e imunossuprimidos, por exemplo, poderiam estar sendo discutidas com mais amplitude. O Ministério da Saúde avalia a aplicação de uma injeção de reforço em parte da população e Estados já planejam essa estratégia para os mais velhos.

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