Junto há mais de cinco anos, o casal Ismayle Oliveira, 23, e Adriana Tavares, 33, já sonhava com o momento em que pegaria no colo o filho Adrian, ou Emanuele, se fosse menina. Mas no último domingo, 15, a gestação de apenas dois meses foi interrompida, após um aborto na maternidade Bárbara Heliodora, local onde o caso teria sido negligenciado, de acordo com denúncia do casal.
“Nós fizemos o primeiro pré-natal na sexta-feira, mas, quando foi no domingo, a minha esposa começou a sangrar. Demos entrada ao meio-dia. A minha esposa foi atendida por uma enfermeira e uma médica, mas naquele momento o sangramento ainda estava pouco. Só que tivemos que esperar até cinco da tarde, somente para fazer o ultrassom. Um médico saiu da cirugia apenas para fazer ultrassom, e fez o exame, mas disse que ela teria que aguardar outro médico, e depois de mais uma hora de espera, ela foi atendida novamente, mas disseram que era tarde demais”, relata o técnico em telefonia móvel, Ismayle Oliveira.
De acordo com o pai, o casal chegou na unidade por volta de meio-dia e, devido à longa espera, saiu já após às 19h. “O atendimento bem precário, a gente não podia ficar lá dentro, mas os funcionários até se reuniram no hall pra assistir um jogo. Acho humilhante a gente ficar lá fora que nem cachorro, porque não tem nem onde sentar, e ficar mais de cinco horas esperando um atendimento. Talvez, se tivesse um atendimento mais rápido, meu filho não teria partido e hoje ele não tá mais no ventre da minha esposa”, lamenta.
A reportagem do site A Gazeta do Acre procurou a Secretaria de Estado de Saúde do Acre, que informou, por meio da gerência do Sistema Assistencial à Saúde da Mulher e da Criança (SASMC), que o exame de ultrassom não havia diagnosticado o aborto e que a paciente teva alta médica às 17h45 com orientação de retornar, caso fosse necessário e com prescrição médica.
“A gestante A.T.C.P., grávida de 7 semanas e 4 dias, pela data da última menstruação, deu entrada na Maternidade Bárbara Heliodora no dia 15 de agosto, às 11h44 e atendida às 12h06, com quadro clínico de sangramento transvaginal discreto desde o dia anterior, caracterizando ameaça de aborto, ocasião em que foi prontamente atendida e medicada, sendo solicitado exame de ultrassonografia, realizado sem demora. O exame não diagnosticou aborto”, diz a nota.
A gerência informou ainda que “não há déficit de profissionais ultrassonografistas no plantão da Maternidade Bárbara Heliodora.”