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Senadora boliviana cobra ações mais eficazes do Governo do Acre contra crimes na fronteira

Ações são coordenadas pelos dois países (Foto: Cedida)

Os governos do Brasil e da Bolívia assinaram, em abril de 2021, uma Carta de Intenções em que estabelecem estratégias conjuntas de combate aos crimes transfronteiriços. No entanto, em entrevista ao site A Gazeta do Acre, a senadora boliviana Eva Humerez cobrou mais engajamento do governo do Estado em relação às ações na fronteira.

“Na Bolívia, fazemos operativos diários, tanto de dia quanto de noite, na fronteira e nas cidades, porque tem ocorrido muitos assaltos, e a maioria [dos suspeitos] que vem assaltar é brasileiro. Estas pessoas que estão aqui fazendo tudo isso são pessoas que estão morando aqui e tem ordem de prisão no Brasil, são pessoas que tem pendências com a Justiça e eles, então, fogem pra Bolívia. Estamos trabalhando em um operativo muito grande em conjunto, não apenas para deter as pessoas que tem problemas com a Justiça do Brasil, mas também com pessoas da Bolívia que estão no Brasil, seja com tráfico de de drogas, pessoas e a devolução dos carros diariamente, pois roubam [carros] no Brasil e trazem para a Bolívia”, relata Eva Humerez, presidente da Comissão de Segurança, Forças Armadas e Polícia no Senado boliviano.

Senadora Eva Humerez é presidente da Comissão de Segurança, Forças Armadas e Polícia do Senado boliviano

A senadora pediu mais coordenação do Governo do Acre. “[Antes desse acordo] não tinha essa coordenação de troca de informações entre as polícias boliviana e polícias, não tinha esse acesso para devolver veículos roubados, etc. Tudo isso agora está sendo aplicado na prática. Temos agora o compromisso de nos reunirmos uma vez por mês ou, pelo menos, uma vez a cada três meses. [Nós pedimos] mais coordenação do Governo do Acre para que leve como exemplo o que a gente está fazendo, de se preocupar com a fronteira, pra não deixar abandonada, porque a coordenação é boa com a polícia da região do Alto Acre, mas com o governo é muito burocrático, então é preciso que [as autoridades acreanas] deem mais importância a essa região, porque são via de tráfico de drogas, tráfico de pessoas, e eles [governo do Acre] deixam muito solto”, relata a  senadora.

Secretário rebate

O secretário de Segurança Pública do Acre, coronel Paulo Cézar Santos, alegou que as ações, por parte do Governo do Acre, têm sido realizadas e adiantou que um cerco eletrônico deve ser implantado na região de fronteira.

“Na última quarta, 18, estive em Cobija em reunião com o vice-ministro de segurança pública da Bolívia ratificando os termos do convênio firmado, este ano, que estabelece uma série de tratativas para o avanço da segurança na região de fronteira. Algumas questões foram aprofundadas, principalmente no que tange ao reforço do policiamento na região, ações de inteligência e ações coordenadas e outras questões de caráter sensível na esfera da inteligência, a disponibilização de softwares de acompanhamento de frota naquela região, tendo em vista a instalação futura de cerco eletrônico naquela região, em Brasileia e Epitaciolândia, foram disponibilizados para serem utilizados pelas forças policiais”, relatou o secretário.

Paulo César destacou também que há avanço nas propostas e que está pessoalmente participando das tratativas, “no sentido de avançar na segurança”.

“Convidamos para, daqui a 30 dias, o ministro da Segurança Pública boliviana participar de um encontro em Rio Branco, desta vez envolvendo também autoridades peruanas que atuam na região transfronteiriça”, destacou Paulo César.

Apreensões recordes

Dados do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) apontam que, de maio de 2020 a maio de 2021, o resultado das operações de combate ao tráfico de drogas na fronteira foi recorde.
No período, foram apreendidos 1.070,250kg de cocaína, 445,998kg de maconha, 82.486 maços de cigarro, R$426,849,00 em dinheiro, 22 armas de fogo, 53 veículos recuperados, além de 12 embarcações.
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Agnes Cavalcante: