Figura conhecida nos bastidores da política pela parceria e lealdade absoluta ao companheiro Márcio Bittar, atualmente seu ex-marido, a professora, com formação em História e pós-graduação em assessoria política e parlamentar pela Universidade de Brasília (UnB), Márcia Bittar, enfrenta um novo desafio, agora à frente dos holofotes, como protagonista da própria candidatura ao Senado Federal. Apesar de nunca ter chegado a concorrer a um cargo eletivo, engana-se quem acha que Márcia entra no jogo com a inabilidade de uma principiante. A experiência dos muitos anos de campanha, ao lado do então marido, e, principalmente, o conhecimento adquirido nos bastidores deram a ela a segurança e a postura de uma candidata nata… E mais do que isso: de quem, notoriamente, conhece as exigências e os desafios do universo político.
Sagaz e bem humorada, Márcia Bittar concedeu entrevista ao site A Gazeta do Acre e falou sobre as andanças que tem feito pelo Estado, para consolidar a candidatura; os ideais que defende; e sobre a vida pessoal, como a relação que mantém com o pai de seus três filhos, o senador Márcio Bittar: “Ele nunca vai ser ex… Ele é um amor, vamos dizer um amor eterno, pai dos meus filhos, o amor da minha vida e essas relações de política sempre tivemos”, defendeu.
Quarta colocada em recente pesquisa sobre as intenções de voto para o Senado, ela considerou o resultado “fantástico” e aposta no apoio e incentivo do ex-marido e do presidente da República, Jair Bolsonaro, para encarar a concorrência eleitoral. Sobre o presidente, ela revela que foi convidada, pessoalmente, por ele para assumir esta missão e que não teve outra opção: “só me restou bater continência e dizer que aceito”, brinca. Questionada se acredita na “transferência” de votos de seus apoiadores, Márcia foi prática e enfática: “se eu não botar a perninha para andar pelo Estado, essa transferência de voto não acontece. Agora, tem aquela frase: ‘diga-me com quem andas, que eu te direi quem és’, então, eu estou muito bem cercada”.
Confira a entrevista:
A senhora tem andado pelo Estado? Como tem sido suas andanças?
Um prazer, como sempre. A gente faz isso há muito tempo. São 30 anos nessas caravanas, pelas quais eu tenho a maior satisfação, porque a gente revê os amigos, revê as histórias, relembra as antigas, conta as novas, abraça as pessoas e faz novos amigos.
Como estão as movimentações em torno do seu nome nessa pré-candidatura ao Senado?
Tudo partiu do convite que me fez o presidente Bolsonaro. Ele, entendendo de forma madura, que precisa ter uma relação mais harmônica no Congresso Nacional, decidiu fazer uma bancada de senadores, um grupo que ele vai apoiar, que seja fiel à agenda para a qual ele foi eleito, e será, novamente, se Deus quiser. Então, ele pretende fazer de nove a dez senadores para dar mais legitimidade a esse próximo mandato dele, o que, na minha opinião, é uma decisão muito sábia. Portanto, ele me chamou e fez esse convite. Daí, eu sempre brinco: um presidente da República me chama no gabinete dele, no Palácio, e faz um convite desse: ‘a senhora que ser candidata junto comigo?’. Só me restou bater continência e dizer que aceito! A partir disso, fui rodar o Estado. Já estou na terceira volta e o que refiz não é novidade para mim, e a aceitação me surpreende. Não sei se pela mensagem ou porque já sou conhecida. Embora, nos bastidores, mas eu sempre estive com o Márcio [Bittar] esses anos todos, então conheço todo mundo, conheço as cidades e, para minha grata surpresa, o meu nome está muito bem aceito como candidata. Como pessoa, eu já era muito bem recebida, até porque o povo acreano é muito hospitaleiro.
A senhora já tinha tido essa aspiração de ser senadora ou de concorrer a outro cargo eletivo antes, ou só surgiu agora com o convite do presidente Bolsonaro?
Já tinham lançado meu nome para deputada federal lá atrás, quando o Márcio [Bittar] foi candidato a governador, e o meu nome estava muito bem colocado também. As pesquisas indicavam, naquele momento, que eu teria muita chance de ter uma cadeira de Federal. Só que, como o Márcio era candidato a governador, portanto majoritário, e para acomodar os partidos e as demandas, eu achei melhor retirar o meu nome. Também no pleito passado, com o Márcio candidato ao Senado, cogitaram meu nome a deputada federal, porque eu era presidente do Solidariedade, inclusive recebendo convite da sigla pelo presidente, que é o Paulinho, da Força Sindical, e novamente eu declinei, porque o Márcio também era candidato ao Senado. Então, com essas candidaturas majoritárias, eu entendo que fica difícil colocar a esposa como candidata e vai na contramão da articulação com os partidos. Encaro isso com naturalidade. Só que, agora, o Márcio está com o mandato de senador. Ele não vai pleitear nenhuma candidatura. Ele não é candidato. Então, ele mesmo disse para mim que agora eu posso ser candidata e assim decidimos.
Falando em partidos, a senhora já definiu em qual se filiará?
Quando eu recebi esse convite do presidente, o trato foi também para que eu aguardasse para me filiar junto com ele no partido. Eu estou sem partido e ele também. Então, estou aguardado ele decidir, vou seguir o líder e, para onde ele for, para mim está bom demais. Se for o PP ou qualquer partido que ele se filiar, não vai ser qualquer partido, vai ser ‘O’ partido. Então, eu acho que todos vamos nos entender em torno desse projeto maior que é o projeto no governo do Bolsonaro.
Se a decisão for pelo PP, como ficaria a sua pré-candidatura em relação à senadora Mailza Gomes, que é do PP, e também já declarou que é candidata à reeleição para o Senado? Nesse caso, como seria o diálogo? A senhora acredita que seria tranquilo? Numa conjectura, seria possível, por exemplo, que a senhora abrisse mão do Senado para ser candidata a deputada federal?
É difícil, nesse momento, fazer uma conjectura que seja realidade. Eu não sei dizer sobre a Mailza, o comportamento que ela terá ou teria. E também não sei ao certo se é o PP. É uma hipótese. Mas, eu tenho muita admiração pela senadora Mailza. Eu gosto muito dela. Mas, eu posso responder por mim. Eu sou candidata ao Senado e, se não for pelo PP, vai ser por outro partido.
Voltando a falar no presidente Bolsonaro, como se deu essa aproximação entre vocês?
Estivemos com o presidente desde a sua primeira campanha. Estávamos no meio da rua com ele, aqui no Acre, quando o Márcio era candidato ao Senado. Antes dele sofrer aquele atentado, ele esteve conosco, então a próxima agenda dele, depois de ter estado aqui conosco, foi onde ele sofreu o atentado. Foi um sofrimento para todos nós. Se fosse qualquer outro candidato, até mesmo nosso adversário mais ferrenho, nós iríamos sofrer também, mas essa nossa relação com ele partiu daí. E meu pai era militar, era muito fã do Bolsonaro como deputado federal. Já tinha essa simpatia por ele, pela televisão, e o Márcio foi deputado federal junto com ele. Como primeiro secretário [da mesa diretora da Câmara Federal], lembro que nós falamos com ele para votar no Márcio, na eleição da mesa diretora. Quando ele se tornou presidente e o Márcio teve o apoio do presidente, a proximidade foi grande, ele foi ganhando a confiança do presidente, porque o Márcio realmente apoia todos os projetos dele. É uma base de apoio no Senado e, com isso, ganhou credibilidade. Logo em seguida, ele foi escolhido como relator do orçamento, que é um nome de confiança da presidência.
Mas, na verdade, não é bom que a gente confunda a relação. Eu não sou amiga do Bolsonaro. Nós somos apoiadores do Bolsonaro, e o Márcio se tornou um homem de confiança do Planalto, mas dizer que somos amigos acho que seria exagero. Mas, somos irmãos, em fé.
A senhora sabe que eleição é uma costura de alianças e de apoios. Então, além do presidente Bolsonaro, que outras lideranças políticas a senhora poderia mencionar como seus apoiadores, além do senador Márcio Bittar, em nível de Acre?
Por enquanto, estamos em costuras, e acho que seria muito precipitado eu falar sobre alianças com partidos nesse momento. Já temos, claro. Mas, ainda estamos nas costuras, portanto, prefiro deixar para falar sobre a concretude dessas alianças um pouco mais para frente, porque não depende só de mim. Eu não tenho autonomia para falar em nome dos partidos. Mas está havendo um diálogo bem avançado.
Seu nome aparece com 5%, em quarto lugar, na pesquisa de intenções de voto para o Senado, divulgada pela TV Gazeta, esta semana. Atrás, portanto, de Jorge Viana, Alan Rick e Jéssica Sales? Como a senhora avalia esse número?
Eu achei fantástico. Ter já no começo um número desse, em que as pessoas te aprovam, é muita alegria. Porque eleição é um negócio tão mágico. Você conquistar uma pessoa, a confiança dela, é mágico. Quando a pessoa confia em você, você tem uma carga de responsabilidade muito grande, e eu só estou no começo. Agora, a análise mais fria sobre a pesquisa, eu prefiro deixar para os técnicos e analistas que entendem muito mais do que eu sobre esses números.
A senhora acredita em transferência de votos, ou seja, que o trabalho do senador Márcio Bittar possa pesar positivamente para a senhora nas urnas? Essa é a principal estratégia da sua campanha?
Nós estamos lado a lado e muito junto (risos). Eu acredito que, na política, temos que entender que não fazemos nada sozinhos, aliás, na vida. E nós somos um grupo. Temos o presidente do Brasil, temos senadores, deputados federais, governador, deputados estaduais, vereadores, enfim… Temos que trabalhar em conjunto, e eu estou procurando meus parceiros, que pensam como eu, que defendam os mesmos ideais que eu. E acredito que a transferência de voto não é uma coisa automática. Se eu não botar a perninha para andar pelo Estado, essa transferência de voto não acontece. Agora tem aquela frase: ‘diga-me com quem andas, que eu te direi quem és’, então eu estou muito bem cercada. Tenho uns cabos eleitorais muito poderosos.
Agora, de mulher para mulher: a senhora saber que as mulheres são a maioria da população, e esse assunto de família, filhos, separação desperta a atenção. Como a senhora e o senador Márcio Bittar, estando separados, lidam com a relação atual de vocês? Estando juntos ainda na política, isso é positivo ou um desafio, uma vez que é incomum “ex”, digamos assim, se darem bem?
(Risos) Essa questão de mulher para mulher é muito interessante e, de fato, o eleitorado é a maioria de mulheres. As pessoas acham que, porque eu sou mulher, eu vou fazer um discurso muito feminista. Longe de mim. Eu não sou feminista. Eu sou muito feminina mesmo. E digo mais: a mulher não é melhor que o homem, e nem o homem é melhor que a mulher, muito menos. Eu acho que todos somos filhos de Deus e, portanto, somos iguais. Então a defesa maior, da minha parte, será da família. Eu acredito na relação da família e que família é a célula principal da sociedade. Ela não pode se desmantelar porque na família tá todo mundo. Pai, mãe, filho, o jovem, o adolescente, o idoso, o desempregado, o doente. A família tem que ser blindada pelo Estado, tem que ter alguma coisa que blinde essa família para que não aconteça o esfacelamento, porque se não acontece o esfacelamento de toda a sociedade.
Partindo daí, eu digo que o Márcio nunca vai ser ex. Essa palavra ‘ex’, entre a gente, não existe. Ele é um amor, vamos dizer um amor eterno, pai dos meus filhos, o amor da minha vida, e essas relações de política sempre tivemos. Sempre trabalhamos juntos e vamos continuar trabalhando juntos. Eu tenho uma admiração muito grande por ele. Ele faz um papel muito importante. Eu falei para ele esses dias, lá em Porto Acre: ‘você talvez não tenha a dimensão do seu tamanho’. E ele ainda brincou: ‘eu só tenho 1,70m’, daí eu falei: ‘não. Você é bem inteligente para saber que eu não me refiro a sua estatura, estou me referindo ao seu tamanho político.’. Ele se tornou um senador não só do Acre, mas do Brasil. Um senador que defende as grandes causas, sem contar as emendas que ele traz para o Acre. Não tem na história. Eu costumo dizer que queria muito que, no ano que vem, tivesse um outro relator [do orçamento] do Acre, mas é muito difícil porque a escolha do relator segue uma tradição de ser dos grandes centros, Rio, São Paulo. Mas, com a bandeira com que ele se articulou lá, ele chegou a ser. Eu tenho muito orgulho dele. E também como pai dos meus filhos e de toda a minha história com ele. E digo para você: ele nunca vai ser ex.
Por falar em bandeiras, a senhora falou em família, mas tem outras que a senhora vai defender?
Uma das coisas que eu admiro muito no Bolsonaro – e as pessoas falam que nós somos bolsominions e eu estou longe de ser bolsnominion. O que eu sou mesmo é filha de Deus – é a agenda na qual ele se elegeu, a pauta que ele se elegeu, que é em primeiro lugar Deus, a família e a Pátria. Isso me conquistou nele, e é isso que eu também vou defender. Tudo que for para defender a família, a nossa Nação e levar Deus no coração das pessoas, o resgate desses valores, que são inegociáveis, é isso que vão ter mim. Essa terra [o Acre], que me acolheu há 32 anos, e onde eu fiz a coisa mais importante da minha vida, que é a minha família, eu quero contribuir e retribuir assim: resgatando esses valores da família e blindando essa célula da sociedade que é tão importante.