Com a ideia de registrar os restaurantes visitados por uma dupla de amigos, o perfil do Instagram “Rio Branco pra Comer” acabou virando uma página de apoio aos empresários do ramo de alimentação na capital, chegando a ajudar mais 500 empresas desde o início da pandemia. A página foi criada em meados de 2017 e hoje é administrada por Pedro Noronha, funcionário público, que pretende ajudar ainda mais a relação entre o público e os restaurantes da cidade.
De pizza, comida japonesa até doces, tudo passa pelo feed e stories do perfil com mais de 13 mil seguidores que não cobra para postar, mas Pedro avisa que “a gente só posta o que a gente gosta”. Antes da pandemia do novo coronavírus, as publicações funcionavam após visitas nos restaurantes, mas o delivery tomou lugar e acabou aumentando as opções de comida em Rio Branco. No Brasil, alimentos são os produtos mais comprados pela internet e o setor representa 54,80% das compras online em 2021, segundo a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A pesquisa aponta ainda que em 2019 este percentual era de 30,40%.
“Com a pandemia teve muitas pessoas desempregadas e muitas começaram a fazer delivery de doces, salgados, tacacá e charutos, por exemplo. Aumentou o número de empresas e quanto mais nova a empresa, mais ela tende a procurar ajuda. Ainda mais a nossa que não cobramos, nesse período qualquer divulgação ajuda”, relata Pedro sobre a realidade que ele constatou na capital.
Um destes negócios foi o da Jenasla Pinto, de 37 anos, que criou um delivery de feijoada em março deste ano. Ela conta que já conhecia o trabalho da página e foi uma das formas escolhidas para divulgar o empreendimento.
“No primeiro final de semana que fizemos ele me deu algumas dicas, do que poderia melhorar e desde então temos a parceria. Ele sempre dá um feedback e se não está bom ele fala também. E o engajamento é muito bom, porque as pessoas confiam muito no que o Pedro fala. Quando a gente anuncia com ele a gente fica ainda por duas semanas recebendo pedidos dos clientes dele”, relata a micro empresária.
Talvez este seja o principal diferencial e o motivo do sucesso da página “Rio Branco pra Comer”, o de só postar o que Pedro realmente indica, mas também de contribuir com os produtos que não são tão satisfatórios e acabam não sendo publicados no perfil. “As pessoas estão lutando para sobreviver, para fazer uma renda, pessoas que de uma forma ou de outra estão se esforçando e precisamos ter essa preocupação sim, se não fica algo muito ruim, muito triste. Não dá para criticar as empresas no geral sem fazer essa assessoria, a gente tenta ensinar, as pessoas se sentem perdidas, tem que dar um feedback”, comenta Noronha.
Carência no atendimento
O contato direto tanto com os empresários quanto com os clientes foi gerando o interesse de Pedro pelo marketing digital, o fazendo realizar, para além das resenhas e publicações sobre produtos e restaurante, uma espécie de assessoria compartilhada. “Quero não só ajudar as empresas a subirem o nível e padrão, mas ajudar para que as empresas entendam como lidar com o público na internet. Então tento mesclar um pouco disso no perfil”, explica.
Além da experiência pessoal em restaurantes e com o delivery, o administrador da “Rio Branco para Comer” também realiza pesquisas com os seguidores (sobre qualidade e reclamações principais) constantemente nos stories que o ajudam a ter uma visão sobre os serviços e as demandas. Após quase cinco anos com a página, ele acredita que o maior problema dos locais que vendem comida na capital seja o atendimento.
“Falta maturidade empresarial para fazer um atendimento diferenciado, que ajude as pessoas a gostar do trabalho e voltar. Tem casos que a gente tem que implorar muitas vezes pelo serviço, o que pesa muito no final”, critica.
Pedro espera poder colaborar de alguma forma com o cenário gastronômico da cidade e acredita que durante a pandemia a página foi além disso, colaborando no cenário social. “A pandemia trouxe muitos desafios e acho que eu consegui usar nosso trabalho para ajudar as pessoas que, em meio a perdas e tentas coisas ruins, ainda tentavam sobreviver”, comenta.