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Reforma do Imposto de Renda: ‘A conta vai ficar mais cara’

Nesta quarta-feira, 1, a Câmara Federal aprovou o texto base para a reforma do Imposto de Renda de pessoa jurídica (empresas). Apesar de o discurso presente no texto assegurar que a reforma trará mais justiça social, já que ela irá onerar grandes investidores e fortunas – o que é bem aceito pela grande massa da população -, acredito que o efeito será bem prejudicial à população brasileira.

Imaginem que um vendedor de salgados (desse que passa no seu trabalho na hora do lanche) venda 100 salgados por dia a um preço unitário de R$ 4. Com o faturamento de R$ 400, esse pequeno empreendedor lucra R$ 200, e com esse dinheiro paga suas despesas de casa.

Sabemos que o imposto de renda desse vendedor de salgados já era cobrado antes da referida reforma; todavia, ele não pagava nada para retirar esse dinheiro de seu negócio, pois ele já estava tributado. É importante entendermos que, com a reforma, esse pequeno empresário passará a pagar mais quando for retirar o valor para suas despesas. Assim, no final do dia, os R$ 200 lucrados com a venda dos salgados terão se tornado R$ 150.

Você acha que as despesas de casa diminuirão porque o que sobra para ele diminuiu? Creio que não.

A única saída do vendedor de salgados é aumentar o preço do produto que ele vende. Logo, o salgado que era vendido por R$ 4, agora custará R$ 5,40. Ou seja, o aumento do salgado (desse que passa no seu trabalho na hora do lanche) será de 35%. Afinal, o vendedor de salgados precisa retirar seus R$ 200 e pagar suas despesas.

Antes de você pensar que pequena empresa não será onerada, gostaria de esclarecer que a economia é representada por vários segmentos que se complementam. O vendedor de salgados, por exemplo, compra seus insumos para fazer o salgado no supermercado, que é uma grande empresa. Logo, se essa grande empresa for onerada pelo aumento do IMPOSTO DE RENDA, seus produtos ficarão mais caros, o que acarretará no aumento do preço do salgado.

Agora, imagine que o salgado representa tudo que você consome e logo entenderá que o povo sempre paga a conta.

O grande empresário perderá faturamento, porque a população não vai continuar comprando o mesmo que comprava, uma vez que seu orçamento não suporta mais crescimento nas despesas, e a saída será o povo consumir menos.

Com a perda de faturamento, restará ao empresário demitir alguns funcionários que, consequentemente, não terão mais como consumir, o que fará com que esse trabalhador fique na dependência de auxílio do governo e/ou parentes próximos – o que chamo de espiral negativo de consumo.

Concluindo, todo aumento de carga tributária aumenta os preços dos produtos que você consome, não caia em conto de quem não pagará a sua conta, pois você pagará!

*MARCELLO MOURA é presidente da Associação Comercial do Acre e empresário.

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Maíra Martinello: