A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informou que o Estado irá manter a vacinação de jovens com idades entre 12 e 17 anos, mesmo após orientação de suspensão da vacinação deste público, divulgada pelo Ministério da Saúde (MS), nesta quinta-feira, 16. Até o momento, o Acre já atingiu 41,23% da meta estabelecida para este público, com a imunização de 42.452 adolescentes.
De acordo com o MS, a recomendação é de que os estados priorizem a imunização de adolescentes com comorbidades. A orientação seria baseada na recomendação da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis e da Organização Mundial de Saúde (OMS). E, segundo o ministério, entre outros fatores, em evidências científicas que consideram o baixo risco de óbitos ou casos mais graves da Covid-19 neste público.
A OMS afirma, entretanto, que “crianças e adolescentes são menos propensos a ter complicações por causa da doença”, mas na sequência não traz indicação contrária: diz apenas que a vacinação ampla deste público é “menos urgente” do que vacinar outros grupos, como pessoas mais velhas, com comorbidades e trabalhadores da saúde.
O ministro Marcelo Queiroga disse, em coletiva, que o Ministério da Saúde pode rever a sua posição, desde que haja evidências científicas sólidas em relação à vacinação em adolescentes sem comorbidades.
“Por enquanto, por uma questão de cautela, nós temos eventos adversos a serem investigados. Nós temos essas crianças e adolescentes que tomaram essas vacinas que não estavam recomendadas para eles. Nós temos que acompanhar esses adolescentes”, ressaltou Queiroga, em coletiva nesta quinta-feira, 16.
Queiroga esclareceu que os adolescentes sem comorbidades que já tomaram a 1ª dose não devem tomar a segunda.
Um dia antes da decisão do ministério, na quarta-feira, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que participa das decisões sobre os rumos do Plano Nacional de Imunizações, afirmou que a “vacinação de todos os adolescentes é segura e será necessária”.
Nesta quinta, o Conass e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) solicitaram posicionamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a vacinação de adolescentes. No Brasil, a Anvisa liberou, em junho, apenas a aplicação da Pfizer a partir dos 12 anos sem restrições. Não há outra vacina permitida para esta faixa etária.
A maioria dos eventos adversos, 93%, ocorreu no público que tomou imunizantes sem autorização para uso em adolescentes.
Além do Acre, outros estados decidiram não acatar a recomendação do MS. São eles: Espírito Santo, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. Em Mato Grosso, a maioria dos municípios decidiu manter a vacinação, com exceção das cidades de Jaciara, Dom Aquino, Barra do Garças, Campo Verde e Poxoréu.
Morte de adolescente em São Paulo
O Ministério da Saúde informou, ainda, que aguarda a conclusão da investigação de um evento adverso grave pós-vacinação, com morte, de uma adolescente de 16 anos, moradora de São Bernardo do Campo (SP), que foi notificado pelo estado de São Paulo nessa quarta-feira, 15.
Até o momento, não é possível saber se a morte da adolescente, que foi vacinada com a Pfizer/BioNTech, tem relação direta com a vacina ou se ela tinha algum fator de risco. Esse fato será detalhadamente apurado pelas equipes de vigilância do estado e pelo Ministério da Saúde. No total, 1.545 efeitos adversos pós vacinação foram notificados em adolescentes até agora, que podem ou não ter relação com a vacina.
A imunização deste público deve ser feita com o imunizante da Pfizer/BioNTec, o único aprovado pela Anvisa para este público.