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Risco de isolamento do Juruá no inverno é apontado em audiência pública na Aleac

Risco de isolamento do Juruá no inverno é apontado em audiência pública na Aleac

Uma audiência pública realizada nesta terça-feira (21), na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), trouxe à tona novamente as péssimas condições de tráfego na BR 364, no trecho de, aproximadamente, 635 km entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, que podem causar isolamento da região do Juruá, já no próximo inverno.

Risco de isolamento do Juruá no inverno é apontado em audiência pública na Aleac

De acordo com os relatos, mesmo antes do rigor das chuvas já existem pontos praticamente intrafegáveis, em diversos trechos, como entre Sena Madureira até a Feijó, que, segundo o deputado Gerlen Diniz (PP), existem sinais de desbanrracamento, em pelo menos 118 lugares. “As chuvas já começaram e, se nada for feito, corremos o risco de que alguns municípios fiquem isolados. Ou agimos agora ou ficamos sem condições de trafegar. Não estamos aqui para acusar ninguém, essa audiência é para encontrarmos solução” destacou o parlamentar, proponente da audiência conjunta das Comissões de Serviço Público, Trabalho e Municipalismo, Obras Públicas e Transportes e Comunicação.

Também participaram representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e empresários que atuam na manutenção da estrada.

Risco de isolamento do Juruá no inverno é apontado em audiência pública na Aleac

O administrador Jarbas Soster, da empresa MSM, disse que alta no preço dos insumos é uma das principais dificuldades para que os serviços sejam mantidos, uma vez que o valor dos contratos permanece o mesmo. “Nós estamos debatendo com o DNIT a questão dos preços, pois o aumento é de até 500% dos insumos, como, por exemplo, o cimento, que teve aumento de 100%, e o diesel, que dobrou. A situação dos transportadores, cooperativas é de estado de insolvência. Estamos enxugando gelo na BR-364, pois as soluções são caras e pontuais. Existe solução, a questão é de onde vem o dinheiro.”, pontuou o empresário, apresentando um balanço do que é executado e estudos sobre o solo.

O deputado Jonas Lima (PT) acrescentou que as empresas podem suspender as obras de manutenção da estrada por falta de condições. “As empresas estão pedindo ajuda, estão agonizando. Vocês vão ver a dificuldade para fazer o tapa buracos. Eles vão ser obrigadas a retirar as máquinas, senão vão suspender as obras da BR-364 por falta de apoio e recursos.” asseverou o parlamentar que pertence à família proprietária uma das empreiteiras, a Lima e Pinheiro LTDA.

A deputada Antônia Sales (MDB) também se posicionou alertando sobre a situação e classificando a estrada como “arrebentada”. “A base está destruída devido à infiltração, a Tabatinga não dá liga, e esse assunto é de interesse da população, que não pode ficar isolada. Já não encontro mais passagem de Feijó para Rio Branco. O medo é esse: isolar o Juruá, porque o alto preço da passagem aérea impede muitos acreanos de exercerem seu direito constitucional de ir e vir.”, disse Sales, acrescentando que já foi informada de que empresas de ônibus estudam parar de fazer o transporte em alguns trechos.

Presente no debate, o superintendente do DNIT no Acre, engenheiro Carlos Moraes, repetiu que o trecho da BR em solo acreano é um dos piores do país e sugeriu a judicialização dos contratos das empresas. “Temos trabalhado para ter uma solução definitiva para esta estrada. Não dá pra ficar só em manutenção que dá a impressão de enxugar gelo. O que eu tenho falado para os empresários é que procurem o Poder judiciário e peçam uma rescisão do contrato judicialmente pois o contrato está insustentável.”, afirmou.

Estima-se que a pelo menos R$ 1,5 bilhão devam ser alocados para que a BR possa ser reconstruída, saída que deve ser tema de audiência em Brasília entre uma comissão de deputados estaduais no Ministério da Infraestrutura, com o ministro, Tarcísio de Freitas.

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