Material que é descartado da indústria têxtil, o fio de malha têm virado tendência na moda. No Acre, a microempreendedora Amanda Leão descobriu o material durante a pandemia e se apaixonou. Ela decidiu investir e é uma das primeiras a apostar no fio de malha para produzir desde peças de decoração, como sousplat e cachepôs, até bolsas.
Com variadas cores, estampas e espessuras, o fio de malha é, literalmente, a sobra de malhas de confecção, dessa forma é um material sempre único. Vendido em rolos, seu uso se torna sustentável, pois evita o descarte daquele tecido. Além disso, as possibilidades de peças que podem ser confeccionadas são várias, como cestas e tapetes.
Amante do crochê, Amanda adotou a técnica como um dos principais passatempos, desde o início da pandemia do novo coronavírus. Mas foi com o pedido de uma amiga, que ela descobriu um novo material para o seu hobby, que acabou se tornando seu empreendimento.
“Minha amiga pesquisou, achou bonito e me pediu uns sousplats com o fio de malha. Eu não conhecia e fui atrás do fio para fazer. Mas, quando comecei, eu me apaixonei, porque é muito bom tecer com o fio de malha, pois tem essa pegada do crochê moderno, diferente daquele ‘crochê da vovó’. Fui pesquisar sobre o fio e também amei o conceito sustentável por trás do material”, recorda.
Em maio, ela lançou os produtos em um Instagram criado apenas para divulgar o trabalho. Desde então, a empreendedora conta que a procura vem aumentando de forma natural e que as pessoas têm uma boa aceitação com o material. “Em Rio Branco, ainda não está saturado, e a demanda é grande, as possibilidades são infinitas, e eu estou amando, só tem a crescer. O fio é muito bom de se trabalhar e dá uma boa lucratividade”, comenta Amanda.
Inicialmente, ela focava em confeccionar produtos de decoração de casa, mas desde que começou a produzir as bolsas, há pouco mais de um mês, a procura tem crescido. “Eu pretendo ter uma marca exclusiva de bolsas artesanais”, comenta a acreana, que entrou em um grupo de rede de apoio de microempreendedoras e participou de sua primeira feira expondo os produtos.
Mãe solo em pandemia
Amanda Leão também vive a mesma realidade de muitas outras mulheres no nosso país: ela é mãe solo e mora com sua filha Valentine, de 11 anos de idade. Antes da gravidez, Amanda, que é formada em Economia, trabalhou como gerente de uma empresa, gestora de projetos, mas, após o nascimento da filha, e sem rede de apoio, ela começou a buscar por outras formas de renda, um trabalho que lhe permitisse acompanhar o crescimento de Valentine.
“Eu não queria deixar ela com babá e fui tentar empreender. Uma das únicas razões que me fez empreender hoje é porque sou mãe solo, porque, para o homem, é muito mais fácil, ele não precisa escolher entre ser presidente da República ou ser pai, por exemplo, a mulher que tem que fazer. Então, eu fiz essa escolha, de ficar perto dela, e como nunca tive uma rede de apoio, sempre tive que buscar uma forma de me sustentar”, desabafa.
Foi então que ela decidiu se aprofundar e focar na confecção com o fio de malha. O lado bom é que o hobby que virou profissão também serve como um alívio para o momentos difíceis da vida em pandemia. “Eu amo fazer crochê, amo de paixão! É tipo minha medicação, minha terapia, meu tudo. Eu me estressei, vou fazer crochê!”, brinca Amanda.
Atenta às vitrines e aos lançamentos do setor, a microempreendodora acredita que, em Rio Branco, os produtos com fio de malha ainda tem muito para crescer. “Aqui ele ainda não foi muito explorado, principalmente nesse momento em que a gente precisa reutilizar e se reinventar, e o fio de malha dá essa possibilidade. Então, eu ainda pretendo explorar bastante essa matéria-prima e, quem sabe, até abrir uma loja futuramente”, afirma Amanda.
Leia também: Artista acreana imprime força das palavras e sensibilidade em trabalho exclusivo com louças de porcelana