No Dia de Finados, nos cemitérios espalhados pelo mundo afora, epitáfios e grandes monumentos funerários conservam viva a memória dos mortos, proclamando à posteridade os seus feitos, tornando assim tolerável, pelo menos por um dia, a morte.
Essa atitude de homenagear os mortos pode ser vista como uma das realizações da vida. É considerada algo excelente ou de excelência, e garante que o nome daquele que morreu seja honrado num dia do ano, por uma minoria que vive as benesses da vida, ou duma maioria que continua sobrevivendo em meio as agruras da existência humana.
E, quanto a alma destes mortos? Sim, por onde andam as almas dos mortos?
Será mesmo que a alma “espiritual” transcende a vida do corpo depois da morte?
Sendo assim, onde estará a alma de cada um que já passou por esta existência terrena?
Afinal, a alma é mesmo imortal?
Bem, no que cocerne a esta última interrogação, existem crenças, antigas e novas, no fado ou destino das nossas almas. A evidência na crença da imortalidade da alma remonta as culturas mais antigas das quais temos algum tipo de conhecimento. De tal modo dentre outras culturas remotas, a imortalidade da alma é uma das crenças mais difundidas nas filosofias e nas religiões do Oriente e do Ocidente.
Muito antes do cristianismo este tema já era discutido nas culturas: Veda, 1900-1500 a. C, movimento literário mais velho das raças Indo-europeias, bem como nas religiões Grega e Hebraica. Na filosofia grega, notadamente em Pitágoras (585 a.C) a imortalidade da alma surgiu com ideia da reencarnação.
Na filosofia clássica, temos o ápice da questão, pois a imortalidade da alma na filosofia grega se radicaliza em Platão, que ligou o poder interpretativo com o criativo, e a imortalidade – existência eterna da alma – com a reencarnação. Platão influenciou, com a sua tese de que o homem é essencialmente alma, todas as religiões e filosofias ocidentais subsequentes.
Platão, de maneira especial em Fédon, define a alma qual substância; como substancia, a alma é ser em ato e, como ser em ato, é imorredoura. Este argumento, em sua forma mais popular, asseverava que alma, por participar necessariamente da ideia de vida, não pode deixar de existir; uma vez que, como queria Platão, a alma é imortal.
Mais recentemente, notadamente na teoria de Fiódor Mikhailovitch DOSTOIÉVSKI, que morreu aos 59 anos, “só existe uma única suprema sobre a terra: o conceito da imortalidade da alma humana; todas as as outras idéias profundas pelasa quais os homens vivem não passam de extensão dela.”
Diferentemente de Dostoiévski, a maioria dos homens e mulheres, nos quatro cantos da terra, relegam este assunto. Enquanto não dão importância a alma humana, negam também o corpo, a matéria, em uma crescente falta de respeito pela vida.
De volta ao tema “Dia de Finados” proclamo a minha homenagem a não poucos amigos que, por conta da Pandemia, feneceram este ano de 2021. Essa homenagem é . uma espécie de poesia sacra feita a um morto como se vivo estivesse
Vivat Anima Humana!!
E-mail: [email protected]
“Essa atitude de homenagear os mortos pode ser vista como uma das realizações da vida.”