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Mulher trans acusa ativista Carlos Gomes de agressão física no Mercado do Bosque

Michele Queiroz acusa Carlos Gomes de transfobia. Carlos nega situação e refuta “narrativa fantasiosa”.

Um caso de agressão física, sob acusação de misoginia e transfobia, que aconteceu na madrugada do último domingo,4,  no Mercado do Bosque, em Rio Branco, está sob investigação policial. A servidora pública Michele Queiroz, que é mulher trans, acusou o assistente social, Carlos Gomes, ex-candidato à prefeitura da Capital, de cuspir nela e agredi-la com soco e chute. Carlos negou a agressão e disse que foi Michele quem teria lhe dado um tapa.

O caso aconteceu por volta das 4h da madrugada, e o local estava cheio de pessoas que tinham acabado de sair de bares e festas. Michele conta que tinha acabado de sair do banheiro e voltado para a mesa dos seus amigos, quando decidiu ir embora. No trajeto da saída, ela conta que Carlos passou e cuspiu em cima dela. A servidora disse que voltou até Carlos para questionar o motivo da atitude e que ele já teria iniciado as agressões.

“Eu me virei e perguntei porque ele tinha feito aquilo, quando ele virou já veio com agressão, com soco, veio violento, totalmente fora de si, transtornado! Eu só não fiquei mais machucada porque muita gente interviu, muita gente levantou e tentou apartar a briga. Mas, mesmo assim, ele conseguiu me acertar, e me fez cair no chão. Quando eu caí no chão, ele não sossegou e me deu um chute no quadril! Quando ele viu que eu já estava caída no chão, ele saiu correndo do local”, relata Michele.

Após a situação, Michele, motivada pelos amigos, foi à delegacia e registrou um Boletim de Ocorrência, onde foi orientada a realizar um exame de corpo e delito, que fez no dia seguinte, no Instituto Médico Legal (IML). Ainda abalada, ela afirma que ficou com escoriações leves no braço e na região da bacia.

“Não teve motivo, ele simplesmente cuspiu em cima de mim, pedi explicação, ele veio com violência, ou seja misoginia. Transfobia! Aversão ao feminino. (…) Pior do que isso é a lesão que eu estou por dento, a humilhação que eu passei (…) Foi horrível o que ele fez!” reclamou.

Ao site A Gazeta do Acre, Carlos Gomes contou que foi ele quem levou um tapa de Michele, enquanto passava pelo local, e que teria retornado para questionar a atitude, o que teria dado início a uma confusão. Ele registrou um boletim de ocorrência online e disse que refuta “essa narrativa fantasiosa”.

“Não me omiti e nem fugi das minhas responsabilidades, registrei um boletim de ocorrência sobre o fato e já fui ouvido pela polícia. Sem mais, reafirmo meu total repúdio a quaisquer formas de discriminação à orientação sexual e identidade de gênero. E refuto essa narrativa fantasiosa”, declarou.

Alegação de transfobia

Quando questionada sobre a relação de Michele com Carlos, ela afirmou que se conhecem, mas de forma social e que a misoginia e transfobia parecem ser as únicas explicações para o caso. “Sou uma figura pública, tinha um blog LGBT, nunca fui muito íntima dele, o que eu falava com ele era o que eu falava com todo muito (…) Não tem explicação, é transfobia! Em nenhum momento eu agredi ele fisicamente e quando você parte para a agressão física não vale a pena, se a gente for partir para a agressão física com todo mundo que a gente não simpatize ou não gosta, o mundo vai virar uma barbárie.”

Michele teve o acompanhamento do Centro de Acolhimento à Vítima, do Ministério Público do Acre, que a acompanhou até a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil para ser ouvida. Tanto Michele quanto Carlos prestaram seus depoimentos na manhã desta quarta-feira,6. O delegado Judson Barros, responsável pelo caso, disse que a motivação das agressões contidas no Boletim de Ocorrência foram tema das perguntas.

“A Michele entende que a agressão foi motivada por conta dela ser transexual. E o Carlos já rebateu isso dizendo que é gay, que é inclusive defensor da causa, é ativista, e que não tem lógica a alegação de que esse mal entendido tenha sido por conta da identidade de gênero da Michele. Porque eu questionei isso a ele”, afirmou Judson.

Com versões diferentes sobre o mesmo caso e sem imagens que possam comprovar o que e como aconteceu, o delegado afirma que as testemunhas são essenciais para compreender o caso e disse que os dois envolvidos se comprometeram em levar pessoas que estavam no local para relatarem o ocorrido. Com relação ao boletim aberto por Carlos, ele disse que, como foi realizado por meio do site, ainda não chegou até ele.

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