Até então pouco conhecida dos acreanos, a síndrome mão-pé-boca já foi detectada em cinco municípios recentemente: Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Xapuri, Plácido de Castro e Porto Acre. A virose acomete principalmente crianças menores de cinco anos, mas pode acometer também pessoas adultas.
Na capital, já foram cerca de 150 casos registrados, dos quais apenas uma pessoa adulta foi identificada com a Síndrome, de acordo com o Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Apesar de contagiosa, quando diagnosticada ainda no início, não oferece riscos à criança e desaparece espontaneamente após 10 dias.
A médica pediatra Priscila Carvalho explica que a doença atinge também o sistema digestivo e é causada pelo vírus coxsackie da família dos enterovírus. Enfermidade comum quando o clima começa a esfriar e em alguns países é considerada sazonal, porém em Rio Branco, o primeiro caso da Síndrome surgiu em centro educacional no dia 9 de novembro.
“Febre alta é um dos principais sintomas da virose e cerca de 3 a 5 dias depois, começam a surgir pequenas bolinhas com líquido nos pés, mãos e boca. Com a evolução da doença, as bolhas estouram e podem causar bastante incômodo nos bebês e crianças, principalmente na região da boca – fazendo com que esta perca o apetite e pode apresentar mal-estar, diarreia, vômitos e gânglios aumentados”, observou a pediatra Priscila Carvalho.
O contágio e transmissão da Síndrome é via oral e/ou fecal, por meio de secreções (tosse e espirro). A coordenadora de Epidemiologia do Município, Socorro Martins, lembrou que o diagnóstico e tratamento corretos devem ser orientados pelo pediatra e que toda rede pública de saúde do município está em alerta para atender as pessoas.
“Nos casos em que crianças foram levadas as unidades de saúde a principal queixa era perda do apetite em face das lesões bucais. Para evitar a contaminação, é importante que não se tenha contato com crianças infectadas, neste caso, o mais importante é fazer o isolamento da criança, evitar brinquedos e parquinhos e o contato muito próximo”, ponderou Socorro.
Papel dos municípios
Nesta semana, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), emitiu um alerta para os municípios nesta semana orientando que as gestões redobrem a vigilância sobre a doença.
A síndrome não é uma doença de notificação compulsória, ou seja, os municípios não são obrigados a notificarem os casos, mas orienta o monitoramento dos casos agregados/surtos para oportunizar as medidas de prevenção e controle, visto que é uma doença de fácil transmissibilidade. Conforme protocolo do Ministério da Saúde três ou mais casos dentro de uma mesma localidade, setor ou instituição, serão classificados como surto. Por isso, a Sesacre recomenda aos municípios que a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Vigilância Epidemiológica adote as seguintes medidas:
– Informar à Sesacre, por meio do CIEVS os casos registrados na localidade;
– Realizar atividades de educação em saúde para a prevenção e controle da doença em interface com a Secretaria Municipal de Educação;
– Fazer busca ativa dos pacientes juntos ao núcleo de vigilância hospitalar;
– Realizar ampla divulgação em veículos de comunicação sobre a prevenção e o controle da doença;
– Orientar os agentes comunitários de saúde em suas visitas domiciliares.
A doença
A doença mão-pé-boca é uma enfermidade altamente contagiosa causada pelo vírus Coxsackie da família dos Enterovírus que habitam normalmente o sistema digestivo e também podem provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca). Embora possa acometer também os adultos, ela é mais comum na infância, antes dos cinco anos de idade.
O nome da doença se deve ao fato de que as lesões aparecem mais comumente em mãos, pés e boca. Os principais sinais e sintomas são: febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões; aparecimento, na boca, amígdalas e faringe, de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro que podem evoluir para úlceras muito dolorosas; erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital; mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia; por causa da dor, surgem dificuldade para engolir e muita salivação.
A transmissão se dá pela via fecal/oral, através do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções, ou então através de alimentos e de objetos contaminados. Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. O período de incubação oscila entre um e sete dias. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e podem ser confundidos com os do resfriado comum.
Medidas sanitárias
– Lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou levá-la ao banheiro;
– É recomendado evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraços e beijos);
– Manter um nível adequado de higienização da casa;
– Não compartilhar utensílios, brinquedos e outros objetos;
– Afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas (geralmente de 5 a 7 dias após o início dos sintomas);
– Lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos
doentes com água e sabão e, após desinfetar com solução de água sanitária pura.
– Descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em lata de lixo fechadas.
– Afastar a criança acometida, das atividades educacionais até o desaparecimento dos sintomas;
– Todo caso suspeito da síndrome mão-pé-boca deve ser encaminhado ao serviço de saúde;
– Realizar ações de educação em saúde com informações para crianças e colaboradores da escola/creche;
– Disponibilizar sabão líquido e papel toalha nas pias onde serão realizadas a higienização das mãos das crianças e colaboradores e álcool em gel a 70% em locais que não possuam pia;
– Lavar as mãos com frequência;
– Manter o ambiente escolar sempre bem arejado;
– Limpeza das superfícies (Mesas, cadeiras, bancadas, brinquedos, maçanetas, bebedouros e etc.);
– Comunicar a vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde sobre possíveis casos suspeitos.