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‘As autoridades parecem estar dormindo’: Ato contra o assassinato de mulheres é realizado em Rio Branco

Ato foi realizado no Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher (Foto: Assessoria)

Nesta quinta-feira, 25, Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, o Instituto Mulheres da Amazônia (IMA) e o Levante Feminista Contra Feminicídio realizaram um ato em protesto aos assassinatos de mulheres no Acre. A mobilização aconteceu no bairro Estação Experimental, em Rio Branco, e reuniu também familiares de vítimas.

Levantamento do Ministério Público do Acre aponta que, em 2020, 12 mulheres foram assassinadas no Acre, e em 2021, até outubro foram registrados 8 feminicídios. Concita Maia, presidente do IMA, ressalta que o movimento é feito nacionalmente.

“Hoje nós estamos em 20 estados brasileiros fazendo essa manifestação pelo fim da violência contra as mulheres, queremos transformar o nosso luto, nosso sentimento de perda e impotência em luta, queremos nos fortalecer, queremos que as estatísticas tenham nomes, porque essas mulheres tem nome, tem família, tem filhos, então estamos aqui para homenagear as mulheres que foram silenciadas pelo feminicídio”, disse.

Durante a mobilização, os nomes das vítimas de feminicídio foram gravados pela grafiteira Vandsmile na quadra do bairro Estação, em frente a loja onde mais uma vítima de feminicídio, Keyla Viviane dos Santos, 29 anos, foi assassinada pelo ex-marido, em 2016 (Foto: Assessoria)

Ana Maria Nascimento, presidente do Sindicato de Domésticas do Acre, destaca que as autoridades parecem estar “dormindo” diante do problema. “Todos os dias você sai de casa e não sabe se vai ter a oportunidade de voltar pra casa, o Acre, infelizmente, um Estado tão pequeno, e com tanta violência, todos os dias estamos vendo nossas companheiras apanhando e sendo violentadas e não podemos fazer muita coisa, porque as autoridades parece que estao dormindo”, lamenta.

Segundo estatísticas, a maioria das mulheres vítimas de feminicídio são negras, fato apontado por Almerinda Cunha, coordenadora administrativa da Associação de Mulheres Negras.

“A maioria das vítimas são negras, infelizmente, e isso tem uma explicação, são as mulheres que vivem em uma situação de vulnerabilidade social mais intensa. Além de serem pobres, são mulheres e são negras com uma rede de proteção social bem menor, e o racismo na nossa sociedade é muito forte, aliado ao machismo, ao sentimento do homem de que é dono da mulher, pra combater essa situação precisamos que haja vontade política do governo e apoio da sociedade para descontruir o racismo, o machismo a violência e o patriarcado, porque essa educação que foi dada a todos nós de que o homem é o provedor, o macho, o dono do poder, é isso que o homem se sente como se fosse dono de todos os outros seres humanos”, diz.

Ainda durante o ato, o grupo de mulheres leu um manifesto em que cobra, das autoridades, políticas públicas mais assertivas e requer, ainda, empenho na resolutividade dos crimes registrados no Estado. O documento será entregue ainda nesta quinta-feira, 25, ao Ministério Público Estadual.

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Agnes Cavalcante: