Morador do Montanhês, bairro carente de Rio Branco, Enoque Ferreira, de 26 anos, começou a lutar aos 15 anos de idade, para aprender a se defender das agressões que sofria na escola. Hoje, ele é atleta profissional, vice-campeão brasileiro de Kung Fu wushu, e está em busca de apoio para participar do 31° Campeonato Brasileiro de Kungfu Wushu, que será realizado em dezembro deste ano, em Brasília.
De alimentação, estadia a gastos com uniforme, Enoque pede apoio para bancar a participação no evento, do qual é o único acreano participante. O lutador vive das artes marciais e é instrutor de Box Chinês, em uma escola da Capital, mas enfrenta dificuldades, desde o início de sua trajetória. O acreano chegou a ser titular na Seleção Brasileira de Box Chinês, mas não permaneceu por não conseguir arcar com os custos. Porém, a resiliência parece ser uma das qualidades que ele vem aperfeiçoando com o esporte.
Doações pode ser feitas pelo Pix 68996021121 (telefone), no nome de Enoque Kennedy Fragoso Lopes Pereira.
Filho único, Enoque não tinha amigos e conta que era excluído na escola, durante a adolescência, motivo para ser vítima de “zoações”, o bullying. Ele sempre ia e voltava da aula a pé, sozinho, situação que lhe gerava medo na época, visto que as agressões aconteciam com frequência na escola. A luta surgiu como uma oportunidade de se defender, com um projeto de aulas de Box Chinês, na Escola Glória Perez.
“Decidi entrar para aprender, pelo menos, a me defender. Foi quando eu conheci o professor Adgeferson, que é meu Mestre hoje. No começo, foi difícil, mas, com poucas semanas de treino, ele viu que eu me destacava e me colocou em um campeonato municipal. Fui campeão no Campeonato Municipal em Plácido de Castro, em 2011, desde então, venho treinando”, relata Enoque.
Mesmo com o prestígio, logo no início, ele lembra que as pessoas demoraram para acreditar na sua carreira, como sua mãe. “Quando comecei a lutar de verdade, comecei a ganhar um patrocínio, com o bolsa atleta e ganhava um sacolão, e foi aí que ela começou a acreditar em mim, viu que eu tinha futuro e estou até hoje. No meio das dificuldades, a gente está tocando, não tenho patrocínio, musculação ou suplementação. Quem me ajuda são meus amigos e quem me conhece, como uma nutricionista que conheceu minha história e começou a me apoiar”, afirma.
“Hoje eu luto por eles”
Além das dificuldades financeiras, durante os 10 anos nas artes marciais, Enoque sofreu grandes perdas na sua família. Primeiramente, o lutador perdeu o pai, que era policial e foi assassinado; tempos depois, seu avô morreu vítima de um câncer; em seguida, um primo foi assassinado, durante um ataque de uma facção, nas ruas do bairro, e por fim, Enoque ainda perdeu outro primo, considerado um irmão, que morreu em um acidente de trânsito.
“Até hoje, tento superar isso tudo e esquecer. Graças a Deus, as artes marciais me ajudam e muito, pois eu amo o que eu faço, que é dar aula e lutar. Hoje em dia, eu luto por eles”, declara o acreano.
Enoque reforça ainda como a luta se tornou um compromisso forte em sua vida e o ajudou a manter o foco profissional. “O esporte me tirou das coisas erradas, pois como eu moro em um bairro periférico, aqui era muito fácil. O pessoal chegava e oferecia as coisas, e eu dizia não, pessoal ainda bagunçava comigo”, afirma.
Em busca do patrocínio
O lutador reforça que o patrocínio é de suma importância para sua participação do campeonato e a manutenção de sua carreira, entre as necessidades que ele precisa atender estão: alimentação; hotel; translado; uniformes; taxa de inscrição para lutar e para a Federação legalizar termo de imagens.
“Eu estou superando, cada dia, uma batalha, todo dia uma guerra, e eu vou tentar viajar para este campeonato, mas falta muita coisa para pagar. Mas, eu acredito no meu potencial, quero tentar ir, fazer uma ótima luta e trazer um ótimo resultado para o estado do Acre”, reforça.
Atualmente, Enoque treina e trabalha no Centro Pit Bull sob a orientação do mestre e o professor Adgferson Diniz. Seu título mais recente foi em 2017, quando ele foi vice-campeão brasileiro de Kungfu Wushu, em Cuiabá.