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Esse ano, aprendi que…

Escrever ensina. Organizar as impressões que temos sobre o mundo, com o mundo, associar o que fazemos, com o que sentimos, lemos, assistimos, ouvimos no elevador, articular tudo isso com a memória, as notícias e registrar em parágrafos, é exercício dos grandes. Acredito que é no contar de si para si e para o outro que nos redesenhamos.

Mas há um outro redesenho, talvez ainda mais poderoso, que é o de escutar o que volta do primeiro exercício. Conversei muito com os leitores esse ano. Uma alegria. Tomei os textos publicados por introdução, por primeiro parágrafo. Foi nos diálogos,  nos e-mails e nas mensagens do Instagram que o raciocínio se fez inteiro. E olha, estou bem acompanhada. Ô grupinho sabido esse que me lê por aqui.

Até o fim do mês, trago parte dessa correspondência, dividida por temas, pra vocês se conhecerem. Hoje, uma seleção de “esse ano, eu aprendi”. Dá uma olhada:

João Guilherme de Rio Branco – “Aprendi que dentro da gente tem festa e dor. No mesmo dia e ao mesmo tempo”. Achei esse lindo e lembrei na hora de Melanie Klein e de um poema do Francisco Mallmann que diz assim: Isso me ensinou Marlene e registro abaixo. Regras para criar tua pista de dança; 1. dança.

Laura de Maceió – “Aprendi que pode ser que aquela grama verdinha do vizinho seja sintética”. Era sobre o texto da Cinderela (Calce os meus sapatos) e Laura sacou direitinho o que estava por trás dele.

Carol de Manaus – “Esse ano quem não aprendeu a recomeçar não aprende mais”. E quem não se deu conta de que aprendeu, Carol?, eu disse. E ela: “Aí tenho paciência não”. E rimos. Mas às vezes leva um tempinho pra elaborar um aprendizado, não é? Paciência. 😉

Daniel de Brasília – “Esse ano eu descobri que amizade é coisa séria”. Seríssima. Daniel me escreveu a primeira vez quando falei de AmarElo (E tudo é muito), lembram? Me contou uma história de rasgar o coração sobre a amiga que reencontrou na área de Covid do hospital. Como escreve bem esse moço. Soube pelo facebook que ela também estava internada. Não se viam há 30 anos e se fizeram companhia virtual durante o período de internação. Quando escrevi sobre Yana (Quando a esperança está dispersa), ele me mandou uma foto dos dois juntos e recuperados. É esperança pra mais de metro.

Jeniffer de Cuiabá e Kátia de Curitiba escreveram a mesma frase: “Agora eu aprendi que o que mais gosto no mundo é gente”. Elas comentavam sobre o texto que falei das relações (Sucessão). E eu escolhi deixá-las para o final só pra fazer coro. Eu também. Obrigada pela companhia. Aprendo muito com vocês.

Roberta D´Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu e escreve semanalmente para A Gazeta do Acre e outros 17 veículos no Brasil, Estados Unidos e Canadá.

paula: