Querido(a) leitor(a) do site agazetadoacre.com, quero desejar um feliz e abençoado 2022 para você e sua família. Rogo a Deus para que seja um ano de muita saúde para todos nós!
Neste primeiro artigo do ano, quero partilhar com vocês parte de uma reflexão do querido Dom Walmor Oliveira de Azevedo, atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a respeito dos desafios dos cristãos das mais variadas denominações, de modo particular a nós católicos.
Sabemos que os cristãos constituem a maioria absoluta da população no Brasil, revelam as estatísticas atuais. Informação muito relevante da geografia religiosa, a ser confrontada com a realidade brasileira, para avaliações a respeito do contexto sociocultural, educativo e científico-tecnológico. Os valores e princípios religiosos influenciam os rumos e as dinâmicas de uma sociedade. Tendem a incidir, de maneira constitutiva, no “DNA cultural” do povo. Sabe-se que o contexto religioso contribui para a promoção ou comprometimento da paz.
Nessa perspectiva, práticas religiosas onde há consenso sobre Deus – Deus da vida e da paz – deveriam produzir frutos condizentes com a fé professada. Causa, pois, estranheza quando esses princípios religiosos não conseguem contribuir com processos de humanização à altura da concepção sagrada da dignidade humana. Uma situação estranha e inaceitável.
Ser um cristão na modernidade não tem sido nada fácil em terras das redes sociais. Basta você defender valores como castidade, a família tradicional e a vida – desde a sua concepção – para ser insultado e ridicularizado pelo mundo moderno.
Acredito que muitos já tenham vivido na pele algum tipo de preconceito por ser cristão e, sobretudo, por ser católico. Na faculdade, os professores aproveitam para falar mal do Papa, acusam a Igreja de inquisitora, retrógrada, medieval, homofóbica… e por aí vai. Carregar um crucifixo no peito, andar com um terço ou Bíblia na mão pode lhe custar o título de fundamentalista ou mesmo “beato(a)”.
Certo dia, um jovem testemunhou que apresentou um excelente trabalho na faculdade e recebeu honrarias de todos na mesa pelo feito acadêmico. Mas, no final, quando agradeceu a Deus e à Igreja pela inspiração de tal trabalho, sentiu um silêncio ensurdecedor no auditório e um clima de condenação tomou logo conta do espaço.
É verdade! Para ser um verdadeiro cristão, hoje em dia, é preciso muita coragem. Não existe mais nenhum status social para quem quer ser fiel a Cristo. E falar de castidade, de matrimônio, de família tradicional, amor à Igreja e a Nosso Senhor Jesus Cristo pode lhe custar o isolamento e a ridicularização.
Com isto, urge revisões céleres e a interpelação da consciência de todos que vivenciam as muitas práticas religiosas. Todos são desafiados a adotar conduta coerente e, assim, ajudar a configurar novo contexto social a partir da fé professada. Nessa perspectiva, há ponto importante para reflexão: o Brasil, de maioria absoluta cristã, convive com valores e princípios que estão na contramão das lições de Cristo Jesus, a pedra angular do Cristianismo. Cabe, pois, uma interrogação aos cristãos: vive-se, de fato, o Evangelho de Cristo na sociedade brasileira?
E é essa pergunta que precisa inspirar novas perspectivas capazes de qualificar os tecidos social, econômico e político do país, tão fragilizados, produzindo tristes realidades – a desalmada desigualdade social, as polarizações políticas e a carência de líderes qualificados. Realidades que se contrastam com as riquezas do Brasil.
Assim, as respostas há de considerar que o Cristianismo traz a genuinidade do amor, mas nem sempre é praticado pelos próprios cristãos. Ainda que sejam reconhecidos testemunhos generosos, proféticos e muitos heroísmos, é gesto de humildade reconhecer que, com frequência, não se vive o que se prega.
Nossas propriedades, pela força da Palavra, têm prerrogativas para mudar mentalidades e condutas, alicerçando uma cultura da vida e da paz. Há de se perguntar a respeito de equívocos na vivência da fé e redobrar a atenção sobre os riscos de se neutralizar o que é próprio da Palavra de Deus no Cristianismo – herança do Judaísmo, enriquecida com a Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, o filho de Deus, Redentor e Salvador.
Lembrando o Salmo 118, a Palavra é lâmpada para os pés e luz luzente para o caminho. Indica o rumo para superar um cristianismo torto que admite a centralidade da Palavra, mas a amordaça com interesses e manipulações políticas cartoriais. Os resultados são pífios, com uma cultura que amarga prejuízos porque muitos cristãos adotam práticas religiosas pouco transformadoras. Pessoas com convicções intimistas demais ou estreitadas a ponto de se vender a ideologias ou a interesses político-partidários. Os cristãos estão desafiados a responder a esta pergunta, com humildade e sabedoria: vive-se, de fato, o Evangelho de Cristo na sociedade brasileira? Essa resposta pode ser o recomeço de uma grande mudança civilizatória.
Tenhamos um 2022 cheio de Paz e Bem!
Adaptado conforme: https://franciscanos.org.br/vidacrista/cristaos-desafiados/#gsc.tab=0
*Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap. Pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida-Quitandinha-Petrópolis-RJ Colaborador da Ordem Franciscana Secular-OFS, Fraternidade São Padre Pio, Diocese de Rio Branco-AC.