Quando, na presente hora, me perguntam se estou bem, respondo que estou sobrevivendo: física (estética) moral espiritualmente:
Física, porque, mesmo havendo muita fome na face da terra estou conseguindo, junto aos meus, ter o usufruto de três boas alimentações diárias. Isso não é pouca “coisa” não, caro leitor, pois a fome no Brasil, sob os efeitos dessa tragédia de nome COVID-19, alargou-se de tal maneira que já somos 19 milhões de famintos. Esta realidade, da fome, é por décadas, uma parceira da gente brasileira e, dizem os especialistas no assunto, se não houver uma inversão de valores, se não se instaurar uma economia submetida à política e uma política orientada pela ética inspirada numa solidariedade básica não haverá possibilidade de solução para e subnutrição deste país. Alias, 55% do povo brasileiro é subnutrido. É só olhar a estatística do ano que findou;
No campo da Moral, tenho sobrevivido seguindo uma teoria do pedante filósofo Georg W. F. Hegel (1770-1831) Antigo, nhé!? Hegel, dizia que só há uma forma de ser livre na vida em sociedade; Pagando, em dia, os tributos e consumos devidos. É uma questão moral, um ato de vontade, ou melhor, de sobrevivência moral, que consiste no cumprimento do dever em obediência à lei moral, fixadas pelas normas, leis e costumes da sociedade em que estou inserido. É uma moral, ou moralidade, objetiva.
Espiritualmente falando, não tenho ido ultimamente à igreja, primeiro por entender que a igreja é, antes de uma organização, um organismo. Segundo, porque não há mais parâmetros doutrinários, com raras exceções, no seio da igreja cristã brasileira; seja ela católica ou evangélica. Sou filósofo e teólogo, por formação acadêmica, entretanto sigo firme em afirmar, sempre com muita convicção, que o meu Credo é o Senhor Jesus Cristo. Diariamente, tenho por devoção, como sobrevivência espiritual, lê as Sagradas Escrituras, bem como, fazer as minhas preces; dentre estas petições aprecio, pois faz bem a minha alma, recitar a Oração de Agur:
“Duas coisas te peço, Oh Criador!, não me negues, antes que eu morra:
Afasta de mim a FALSIDADE e a MENTIRA; não me dês nem a POBREZA nem a RIQUEZA: dá-me o PÃO que me for NECESSÁRIO; para não suceder que estando eu farto, te negue e diga: quem é o SENHOR? “Ou que, empobrecendo, venha FURTAR e PROFANE o nome de DEUS” (Pv. 30.7-9)
Desta forma, me afasto dos perigos dos excessos da existência humana. Aliás, no olhar de Soren Kierkegaard (1813-1855) filósofo dinamarquês e representante do existencialismo cristão, nos seus famosos “estágios” da existência humana, esses excessos, essa realidade existencial desregrada, passa pelas três opções de estilos de vida que as pessoas podem seguir: o homem estético, busca de prazer, que conduz ao tédio existencial; o homem ético, cumpridor de deveres, mas perdido na massa; o homem religioso vida de fé, mas com angústia e desespero.
Sobrevivo nestes três estágios de vida, estético, ético e espiritual, de forma racional e moderada. Assim, vou caminhando, sobrevivendo e caminhando para, um dia chegar, a um lugar onde nunca estive!
HUMANISTA*. E-mail: [email protected]